31 dezembro 2006

Projectos

Vai começar um novo ano e lá venho eu de papelinho e caneta fazer a listinha de coisas para fazer. A pessoa precisa destes momentos de paragem para reavaliar directivas e organizar, ou optimizar, o seu percurso.

A minha vida começa sempre em Setembro. Seja pela escola, ou pelo meu nascimento, é aí que faço os meus projectos. Acontece que das dúvidas existenciais que tive, surgiram coordenadas que já deixaram de ser aplicadas, e passados três meses é-me dada uma nova oportunidade para pôr tudo nos eixos.

Penso, por vezes, e erradamente, que o sucesso da minha vida está dependente de coisas insignificantes e materiais, que satisfazem as expectativas que os outros têm de mim, mas que no fundo não me realizam. E é difícil para nós tomar decisões que nos fazem sentir bem, mas que vão contra o que é socialmente aceitável ou esperado.

Passados mais uns rounds de luta interior decidi que este será (mais) um ano para:

1. Controlar a minha ansiedade, respirando fundo e lentamente, e visualizando o meu eu como uma fortaleza.
2. Aprender a ter (ainda) mais paciência para aceitar os erros, os outros nas suas diferenças e falhas, e eu própria em tudo o que me faz sentir uma pessoa pequena e insignificante. Acreditem que não é pouco!
3. Começar a disciplinar o meu trabalho a curto prazo, da mesma forma que estou disciplinada a longo prazo.
4. Gostar (ainda) mais de mim.
5. Aceitar que tudo à minha volta, eu incluída, tem limitações.
6. Render-me perante a evidência de que o sonho tem tráfego ilimitado e à borla.
7. Fazer de cada dia um projecto de vida.

Bom, com 365 projectos para programar e dar seguimento, o melhor é começar já.
...
Naahhh! Fico só mais umas horinhas a engonhar e lá para a meia noite é que começo!

Beijocas a todos e um excelente ano de 2007, com muita saúde e com todos os que gostam no vosso coração.
:)


Boas Festas!!


Para que não esqueçam que o objectivo do Natal é um só: PARAR.

Parar para ouvir, em vez de falar.

Parar para ver, em vez de olhar.
Parar para sentir, em vez de pensar.

Parar para decidir, em vez de hesitar.

Parar para sorrir, em vez de chorar.

Parar para aprender, em vez de ensinar.

Parar.

E contemplar.

E imaginar o que os invernos da vida podem trazer como frutos.


Sofia Ré


(inspirado pela árvore de Natal oficial da Arrábida: o Medronheiro)

18 dezembro 2006

Eu gosto é do... Outono!


Desapareço.
Como o sol nos dias que correm.
Não deixo rasto... não quero ser encontrada.

Eu gosto é do Outono.
Sempre o disse. O Outono é aquela altura do ano em que se prepara o Natal, em que chove, e as folhas coram de vergonha com a nudez das árvores.

Vivo o Outono como as miúdas pequenas: a saltitar de energia e a antecipar o dia de abrir as prendas. Mas eis que chega o Natal e tudo fica sombrio e triste.
Como se vivem dois meses de pura felicidade e entusiasmo para culminar num dia que, por si só, é triste?
Não me perguntem porque raio sempre achei o Natal triste. E nem vale a pena perguntar porque o acho mais triste este ano.

Desde que me lembro a Consoada cá de casa tinha sempre à mesa um bolo de anos. É estranho cantar os parabéns a seguir ao bacalhau com batatas, mas para mim essa sempre foi a rotina do Natal.
A minha avó fazia anos no dia 24 de Dezembro.
Raio de dia para fazer anos e para ter de me lembrar dela mais do que as habituais milhentas vezes ao dia!

Sinto a falta dela. Caramba! E já lá vai quase um ano.
Pensei que por ter reagido tão bem no início que as coisas seriam mais fáceis, mas quanto mais o tempo passa, mais me sinto permeável à tristeza e como ela consegue encharcar os meus olhos.

A falta é uma coisa que eu marco aos alunos todos os dias e todos os dias é uma coisa marcada em mim. Mas é quando ela se corporiza à minha frente que sinto a dor, como se me esfregassem na cara a pior das verdades.
A dor da falta não dói nada, mas o que dói é a sua materialização.
Nada dói mais do que ver um D de disciplinar associado ao nosso número de aluno no livro de ponto, ou um Reprovado a vermelho na pauta pela falta de estudo.
A ausência tem materialização. A ausência não é só uma não-presença, é uma reacção em cadeia. Tudo muda para nos rendermos à evidência, à prova material.

É aqui que o insconsciente esperneia e não há leite quente que o acalme.
Quando pego em 5 pratos para pôr a mesa e tenho de voltar a guardar um deles.
Quando, depois de ter todas as prendas compradas, percorro a lista das pessoas para descobrir quem é que me está sempre a faltar e deparar que me faltavam ainda as duas prendas habituais (de Natal e anos).

Todas as racionalizações possíveis, todas as terapias que faço comigo própria dão nó, tão ou mais cego que os erros do Windows.
Tudo por causa desta falta... injustificada.


P.S. - Se ainda há alguém que tem fé em que esta seja a minha última intervenção a desbobinar sobre a minha avó, então o melhor mesmo é começar a acreditar antes no Pai Natal e escrever-lhe uma cartinha para ver se eu mudo de assunto. Pode ser que vos calhe no sapatinho!

P.S.1 - Porque raio sinto necessidade de aligeirar os temas cinzentos e graves? Estratégia primária de sobrevivência, será?
Não me parece.

P.S.2 - É assim que se escreve uma carta ao Pai Natal e se pede uma Playstation 2 com subtileza. Eu por mim dispenso. Quem me tira o Solitário Spider, tira-me tudo!