Acabei de ler o Decreto-Lei nº 35/2007, de 15 de Fevereiro.
Estou pasma.
Acabo de confirmar, mais uma vez, que a minha segurança e estabilidade não pode mais fiar-se numa vocação, dedicação, missão, gosto, sei lá, chamem-lhe o que quiserem.
A esta altura do campeonato, constato que só quem tem pais ricos e/ou ganhou a lotaria, é que pode ir para professor.
Fazer disto um hobbie... é ofensivo para qualquer desgraçado que (ainda) leve esta profissão a sério!
Dado o meu estado de consternação, achei simpática a ideia de aceitar contribuições vossas para escolher uma nova profissão, ou um novo país para morar.
Digam de vossa justiça: se eu não fosse professora, o que podia eu fazer para ganhar a vida? Pode ser que encontre finalmente a minha vocação. Pode ser que eu esteja apenas a bater numa porta que está destinada a não mais se abrir.
Pode ser que eu nem tenha nascido para ser professora, mas sim manicure. Ou cabeleireira! Eu corto muito bem o cabelo ao André, mesmo com a tesoura! Demoro algum tempo, é um facto, mas fazia um curso no IEFP e ganhava prática. E cabelo não falta por aí, está sempre a crescer, mesmo que a malta não queira.
Apesar de eu estar na brincadeira, fico à espera da seriedade das vossas sugestões!
19 fevereiro 2007
16 fevereiro 2007
Quem disse que as meninas só brincam com Barbies?
Já referi os benefícios de crescer no campo, nem que seja para ter a experiência de brincar com os bichos de conta, achados debaixo dos vasos, ou de fazer batidos de "limão" com sonasol e pó amarelo dos pinheiros!
O viver no campo, com toda aquela terra, ali só para nós, pressupõe um instrumento.
A flauta ondulante de um esvoaçar?
O piano gotejante dos pingos da chuva?
Não.
Obviamente, que não!
A enxada, pois claro.
Quando se é criança e se tem uma porrada de tempo livre para fazer tudo, e ainda ficar a pastar, porque já não se tem imaginação para fazer mais nada, temos de nos ocupar.
Sabe-se lá porquê, a enxada, pode ser considerado um dos meus brinquedos de infância.
Eu e o meu irmão (o complot é fundamental!) tínhamos por hábito estar a cavar buracos no quintal. Ao ver as nossas potencialidades, o meu pai aproveitou logo e transferiu-nos para o jardim, onde pudemos cavar a terra para preparar a chegada da relva. Aquilo foi o sonho de qualquer criança: soltar a terra, e retirar as pedras e as ervas daninhas com o ancinho. Mas.... atenção!... com 0% de salário e 100% de prazer. Eu diria até orgulho!!
Ena pá! Ricos tempos!
E da vez em que eu e o meu irmão (lá está, o primitivo duo dinâmico!) ouvimos a nossa avó a queixar-se que estava a sentir-se muito mal, do estilo:
"Ai meninos, hoje não estou bem! Nem sei o que tenho e eu nem sou pessoa de me queixar".
Devemos ter ouvido a avó a cantar, que era sempre sinónimo de que estava triste.
(Isto só por si já dava para escrever um livro. Canta-se porque se está triste??? Pois é. A minha avó Maria só lhe dava para cantar quando estava triste. "Quem canta, seus males espanta", dizia ela, mas nós nunca percebemos como é que aqueles fados de fazer chorar as pedras da calçada iam a ajudá-la a sentir-se melhor.)
Vai daí, vendo a avó naquele estado, eu com oito anos e o meu irmão com seis (à volta disso) partimos em busca da solução.
Com o quê?
Com a enxada na mão.
Cavámos, cavámos, cavámos até já fazer bolhas nas mãos com o cabo de madeira. O buraco começava a ganhar forma e profundidade, quando a minha avó surge à soleira da porta da cozinha e começa a gritar:
"Ah, malvados de um raio! Tirai-vos daí! Ai credo, o que vai aqui não vai em Roma! (e esta expressão é sempre sinónimo de que fizemos asneira da grossa!)"
Sai o primitivo duo dinâmico da escavação, com terra até aos ouvidos, e a justificação surge das nossas boquinhas inocentes:
"Oh vó, como disseste que te estavas a sentir mal nós viemos aqui fazer uma campa. Assim se morreres ficas ao pé de nós!"
Esta é a verdadeira razão pela qual a minha avó resistiu a dois AVC'S e outros ataques cardíacos. Senão morreu com esta frase, há uns valentes vinte anos atrás, é porque era rija!
As crianças são mesmo o melhor do mundo, não são? :)
O viver no campo, com toda aquela terra, ali só para nós, pressupõe um instrumento.
A flauta ondulante de um esvoaçar?
O piano gotejante dos pingos da chuva?
Não.
Obviamente, que não!
A enxada, pois claro.
Quando se é criança e se tem uma porrada de tempo livre para fazer tudo, e ainda ficar a pastar, porque já não se tem imaginação para fazer mais nada, temos de nos ocupar.
Sabe-se lá porquê, a enxada, pode ser considerado um dos meus brinquedos de infância.
Eu e o meu irmão (o complot é fundamental!) tínhamos por hábito estar a cavar buracos no quintal. Ao ver as nossas potencialidades, o meu pai aproveitou logo e transferiu-nos para o jardim, onde pudemos cavar a terra para preparar a chegada da relva. Aquilo foi o sonho de qualquer criança: soltar a terra, e retirar as pedras e as ervas daninhas com o ancinho. Mas.... atenção!... com 0% de salário e 100% de prazer. Eu diria até orgulho!!
Ena pá! Ricos tempos!
E da vez em que eu e o meu irmão (lá está, o primitivo duo dinâmico!) ouvimos a nossa avó a queixar-se que estava a sentir-se muito mal, do estilo:
"Ai meninos, hoje não estou bem! Nem sei o que tenho e eu nem sou pessoa de me queixar".
Devemos ter ouvido a avó a cantar, que era sempre sinónimo de que estava triste.
(Isto só por si já dava para escrever um livro. Canta-se porque se está triste??? Pois é. A minha avó Maria só lhe dava para cantar quando estava triste. "Quem canta, seus males espanta", dizia ela, mas nós nunca percebemos como é que aqueles fados de fazer chorar as pedras da calçada iam a ajudá-la a sentir-se melhor.)
Vai daí, vendo a avó naquele estado, eu com oito anos e o meu irmão com seis (à volta disso) partimos em busca da solução.
Com o quê?
Com a enxada na mão.
Cavámos, cavámos, cavámos até já fazer bolhas nas mãos com o cabo de madeira. O buraco começava a ganhar forma e profundidade, quando a minha avó surge à soleira da porta da cozinha e começa a gritar:
"Ah, malvados de um raio! Tirai-vos daí! Ai credo, o que vai aqui não vai em Roma! (e esta expressão é sempre sinónimo de que fizemos asneira da grossa!)"
Sai o primitivo duo dinâmico da escavação, com terra até aos ouvidos, e a justificação surge das nossas boquinhas inocentes:
"Oh vó, como disseste que te estavas a sentir mal nós viemos aqui fazer uma campa. Assim se morreres ficas ao pé de nós!"
Esta é a verdadeira razão pela qual a minha avó resistiu a dois AVC'S e outros ataques cardíacos. Senão morreu com esta frase, há uns valentes vinte anos atrás, é porque era rija!
As crianças são mesmo o melhor do mundo, não são? :)
13 fevereiro 2007
Parar... e derivados!
Sabe lá o Aladino a sorte que teve!
O génio da lâmpada concedeu-lhe três desejos. Três.
E neste momento um só, unzinho, chegava:
Parar.
Pronto... parar e derivados.
Na sexta feira passada levei uma pica de penicilina. O cocktail de maleitas que mixei durante as aulas, com os meus alunos, resultou num nome pomposo: Laringo-faringite! Boa!
Na prática dá umas dores de garganta até aos ouvidos e sentimos a laringe e a faringe como se estivesse em ferida, a doer e a arranhar cada vez que engulo. Acontece que uma pica não chegou e a doença, teimosa feita a Euribor, prolongou-se para lá do fim de semana.
Ontem comecei com os comprimidos, genéricos, fantásticos só no preço, porque nos efeitos secundários ainda me fazem mais doente.
Ponho-me a pensar porque me sinto tão cansada, porque me sinto sem acção e porque raio esta doença não melhora? Os professores têm de guardar as doenças para o fim de semana. E eu guardei a minha, como manda a Lei, mas não consigo fazer com que ela pare. Tenho mais três dias de aulas até à pausa do Carnaval e estou a vê-los como os últimos abdominais depois de uma longa série (das aulas do Diogo, claro!).
A doença física desgasta-me psicologicamente, porque tenho tanta coisa para fazer, que estar doente só me faz stressar ainda mais por não conseguir fazer tudo o que me propus. É angustiante...
Angustiante e sintomático, porque se a esta altura do campeonato, me caísse uma lâmpada nas mãos como a do Aladino, o meu primeiro e único desejo seria: Parar.
Ou derivados: dormir, ler, ver televisão, jogar computador.... tudo o que implique no máximo o mexer de olhos e, vá lá, uns deditos para mudar a página ou clicar no rato.
Quero parar.
Quero parar daquele parar que a gente quer quando está às voltas num carrocel e já se começa a sentir o enjoo.
Quero parar.
Porquê, perguntam vocês?
Não tem problema, eu explico a piada.
Sempre que não estou a fazer qualquer coisa para a casa ou para a escola, estou a morrer de remorsos por não o estar a fazer. Daí que a qualidade do meu descanso se tenha deteriorado bastante desde que, recentemente, decidi que não fazer nada é uma extrema perda de tempo.
Que raio de sentença mais estúpida, esta. Não fazer nada é só a condição para se conseguir fazer tudo. E aqui está a demonstração de como as Balanças procuram eternamente o equilíbrio, sem nunca o encontrarem. Ou é ócio puro e duro, ou é um tsunami de trabalho. Não há quem me entenda, e nem eu já me aturo.
...(suspiro)...
Só queria mesmo parar.
E derivados.
O génio da lâmpada concedeu-lhe três desejos. Três.
E neste momento um só, unzinho, chegava:
Parar.
Pronto... parar e derivados.
Na sexta feira passada levei uma pica de penicilina. O cocktail de maleitas que mixei durante as aulas, com os meus alunos, resultou num nome pomposo: Laringo-faringite! Boa!
Na prática dá umas dores de garganta até aos ouvidos e sentimos a laringe e a faringe como se estivesse em ferida, a doer e a arranhar cada vez que engulo. Acontece que uma pica não chegou e a doença, teimosa feita a Euribor, prolongou-se para lá do fim de semana.
Ontem comecei com os comprimidos, genéricos, fantásticos só no preço, porque nos efeitos secundários ainda me fazem mais doente.
Ponho-me a pensar porque me sinto tão cansada, porque me sinto sem acção e porque raio esta doença não melhora? Os professores têm de guardar as doenças para o fim de semana. E eu guardei a minha, como manda a Lei, mas não consigo fazer com que ela pare. Tenho mais três dias de aulas até à pausa do Carnaval e estou a vê-los como os últimos abdominais depois de uma longa série (das aulas do Diogo, claro!).
A doença física desgasta-me psicologicamente, porque tenho tanta coisa para fazer, que estar doente só me faz stressar ainda mais por não conseguir fazer tudo o que me propus. É angustiante...
Angustiante e sintomático, porque se a esta altura do campeonato, me caísse uma lâmpada nas mãos como a do Aladino, o meu primeiro e único desejo seria: Parar.
Ou derivados: dormir, ler, ver televisão, jogar computador.... tudo o que implique no máximo o mexer de olhos e, vá lá, uns deditos para mudar a página ou clicar no rato.
Quero parar.
Quero parar daquele parar que a gente quer quando está às voltas num carrocel e já se começa a sentir o enjoo.
Quero parar.
Porquê, perguntam vocês?
Não tem problema, eu explico a piada.
Sempre que não estou a fazer qualquer coisa para a casa ou para a escola, estou a morrer de remorsos por não o estar a fazer. Daí que a qualidade do meu descanso se tenha deteriorado bastante desde que, recentemente, decidi que não fazer nada é uma extrema perda de tempo.
Que raio de sentença mais estúpida, esta. Não fazer nada é só a condição para se conseguir fazer tudo. E aqui está a demonstração de como as Balanças procuram eternamente o equilíbrio, sem nunca o encontrarem. Ou é ócio puro e duro, ou é um tsunami de trabalho. Não há quem me entenda, e nem eu já me aturo.
...(suspiro)...
Só queria mesmo parar.
E derivados.
11 fevereiro 2007
Epá, VOTEM!!!
Se forem ao cinema e estiver esgotado... votem.
Se o almoço for bacalhau com batatas... votem.
Se não for... bom... então aí... votem na mesma.
Pelo sim, pelo não... votem sempre.
Façam-se ouvir, nem que seja pelo silêncio do voto nulo, ou pelo encolher de ombros do voto em branco.
VOTEM, VOTEM, VOTEM!
Ah, e já me esquecia de dizer isto:
Votem!
Se o almoço for bacalhau com batatas... votem.
Se não for... bom... então aí... votem na mesma.
Pelo sim, pelo não... votem sempre.
Façam-se ouvir, nem que seja pelo silêncio do voto nulo, ou pelo encolher de ombros do voto em branco.
VOTEM, VOTEM, VOTEM!
Ah, e já me esquecia de dizer isto:
Votem!
08 fevereiro 2007
E se eu desse aulas em órbita?
O despertador, de manhã, toca até eu ver estrelas.
O Sol nasceu e, porra, não há nada a fazer.
Apetece-me fazer-lhe uma amona no horizonte, empurrá-lo bem para baixo, mas aquela bola de fogo tem uma rota traçada no meu céu, e nada o vai demover.
Num vaivém, faço as viagens, ao som da rádio que comunica as informações preciosas do dia. A viagem é tranquila, sem sobressaltos.
Chegada ao destino, a anos-luz da minha caminha quentinha e confortável, deparo-me com a desgraça:
"Houston, I got a problem!"
Como atravessar o parque de areia batida, todo inundado, com as minhas botas de salto alto em cunha de quase 10 cm???
Projectei uma rota alternativa e, contornando alguns buracos negros, lá dei entrada na atmosfera da escola.
Seres com todas as aparências e feitios cruzam-se comigo e articulam linguagens que não percebo. Prometo a mim própria fazer uma tentativa para decifrar meia dúzia de vocábulos, e de tentar descobrir porque certos espécimes femininos conseguem expor as suas barrigas ao frio do Inverno.
Procuro o diário de Bordo na Sala das Máquinas, onde funcionam uma série de autómatos comandados pelo Darth Vader da Educação, e sigo viagem de planeta em planeta.
Os alunos de cabeça no ar, e eu com ela a andar à roda.
Será que não fazia mais sentido dar aulas na Lua?
Até lá continuo a carregar diariamente o peso das duas malas cheias de materiais, que nem a força da gravidade consegue aliviar.
Saudações esp(e)ciais!
;)
O Sol nasceu e, porra, não há nada a fazer.
Apetece-me fazer-lhe uma amona no horizonte, empurrá-lo bem para baixo, mas aquela bola de fogo tem uma rota traçada no meu céu, e nada o vai demover.
Num vaivém, faço as viagens, ao som da rádio que comunica as informações preciosas do dia. A viagem é tranquila, sem sobressaltos.
Chegada ao destino, a anos-luz da minha caminha quentinha e confortável, deparo-me com a desgraça:
"Houston, I got a problem!"
Como atravessar o parque de areia batida, todo inundado, com as minhas botas de salto alto em cunha de quase 10 cm???
Projectei uma rota alternativa e, contornando alguns buracos negros, lá dei entrada na atmosfera da escola.
Seres com todas as aparências e feitios cruzam-se comigo e articulam linguagens que não percebo. Prometo a mim própria fazer uma tentativa para decifrar meia dúzia de vocábulos, e de tentar descobrir porque certos espécimes femininos conseguem expor as suas barrigas ao frio do Inverno.
Procuro o diário de Bordo na Sala das Máquinas, onde funcionam uma série de autómatos comandados pelo Darth Vader da Educação, e sigo viagem de planeta em planeta.
Os alunos de cabeça no ar, e eu com ela a andar à roda.
Será que não fazia mais sentido dar aulas na Lua?
Até lá continuo a carregar diariamente o peso das duas malas cheias de materiais, que nem a força da gravidade consegue aliviar.
Saudações esp(e)ciais!
;)