17 janeiro 2008

Self-centered bitch

Não sei o que é isso de viver para os outros.
Eu vivo para mim e cada vez mais me assusta este conceito.
Estou quase a pertencer às "SARAH"s (Single And Rich And Happy). Só me falta a letra do meio...
A filosofia desta gente é conhecer-se melhor e enriquecer-se com muitas mais experiências do que o tradicional casar e ter filhos. Experiências que não invalidam estas duas, mas que acabam por atrasá-las. Viajar e estudar, por exemplo. O "Rich" parece-me que advem disso mesmo: não de ser rica, mas de se poder dar ao luxo de ter dinheiro para viajar, estudar e desfrutar de experiências efémeras, mas de degustação apurada e prolongada, como jantares e spas.

Depois há o casamento. Quer dizer... nem me incomoda sequer um pouco. Se casasse as coisas não ficariam diferentes: eu continuaria a gostar de ter tempo para mim, de fazer programas on my own, de pagar metade das contas da casa, de ter uma conta separada e continuar a fazer gastos supérfluos sempre que me sentisse deprimida, sem que ninguém emitisse o mais pequeno rasgo de opinião sobre isso.
A pessoa habitua-se a este estilo de vida e depois todos os outros sabem a pouco.
Gosto de me ver sozinha nas fotos, e não lamento que não tenha pirralhos agarrados às saias. Gosto de conhecer sítios novos e enriquecer o meu banco pessoal de imagens e experiências. Gosto de sentir a liberdade de saber que estou com o André porque quero e não porque um papel me obriga. Gosto de ser independente, auto-suficiente, não prestar contas a ninguém, fazer o que me dá na veneta, e o que gosto, na hora que me apetece.
Egocentrismo? Talvez. A maior parte das pessoas pensa que sim. Eu simplesmente faço questão de não confundir altruísmo com abnegação.
O facto de me colocar no topo das minhas prioridades não significa que ignore todos os outros. Eu sei que há mundo para além de mim. Mas com tanta coisa que tenho para descobrir, desenvolver, trabalhar, estimular e aprender em mim, os outros ficam sempre em segundo lugar. E isto é pecado: "ama o teu próximo como a ti mesmo", mas eu gosto de mim um bocadinho mais.
Gostar de si (e eu gosto, senão não conseguia viver com esta pessoa faladora, desbocada, impulsiva, chata, inconstante, ruminante de ideias e sentimentos), é uma tarefa pouco requisitada, porque tem gostinho a liberdade, de controlo sobre si e sobre o seu mundo. E a liberdade, tenho de reconhecer, é um sentimento muito perigoso. Depressa passa do alargamento do nosso espaço para colidir com o espaço dos outros. E em sociedade o princípio da convivência harmoniosa é basilar.

Admito que este tipo de visão, ou opção, como queiram chamar-lhe, não surgiu em mim sob a forma de iluminação. O mundo é que nos vai batendo, como o padeiro amassa o pão. Mistura as nossas ideias mas dá-nos uma estrutura homogénea, e aumenta a flexibilidade da nossa imaginação para programar cenários para a nossa vida que não sejam os mais óbvios, e muito menos os mais esperados.

A minha mãe tem o desgosto de não ver a filha casar, mas esquece-se que quando comecei a namorar me dizia: "oh, filha, tu não te prendas!" Mas hoje já devia estar mais do que "prendida". Ela vai matando a vontade de ser avó com os netos dos outros, e como lhe reconheço o jeitinho!
Em justificação, perante as amigas, ela diz em replay da filha:
"- A minha não casa, porque tem pavor de receber um dálmata de loiça como prenda! Juntou-se com o namorado e estão a organizar a casinha à maneira deles!"
"- Que é que eu hei-de fazer? Eles não querem ter filhos já. Gostam de jantar fora, fazer viagens e a vida de professora ainda não lhe dá estabilidade para ficar num sítio certo!"
Fico triste por não corresponder às expectativas, mas não abro mão de mim. É isto que quero, e enquanto não me der o vento, é por aqui que quero continuar.

Como já devem ter percebido, o meu nome é Ana Sofia, tenho 29 anos e sou uma self-centered bitch!

13 janeiro 2008

Resoluções de fim de ano

É certo que já passaram 13 dias desde que o ano começou e apesar de ter alinhavado umas ideias e ter posto em prática outras, o que é certo é que ainda não sistematizei o meu plano para 2008.
Passo os olhos por qualquer horóscopo e descubro o que já estava a prever: 2008 é o ano para ficar mais magra.

Tenho de perder o peso dos erros que intoxicam o meu ser.
Tenho de renunciar aos maus hábitos consumistas, para me dedicar a construir algo duradouro e de verdadeiro valor.
Tenho de evitar certas "amizades" que me aumentam os níveis de ansiedade no sangue.
Tenho de beber muita água para a quantidade de trabalho não me deixar com sede.
Felizmente a consciência não tem excesso de peso, mas o ideal era perder uns quilinhos nas ancas.

Dormir bem e a horas.
Comer bem e a horas.
Fazer exercício, o melhor que consigo em cada dia.

Disciplinar os meus ritmos: acordar, trabalhar, estudar.
E tudo correrá bem.

Sou uma pessoa muito prática, que gosta pouco de ilusões e hipocrisias. Este é o ano para saber com o que conto, e dispensar o resto. A poda é um processo importante para ajudar as plantas a rebentar com mais força, ainda que nos pareça arriscado ficarmos assim despidos em pleno frio de Inverno. Mas eu sempre fui uma rapariga de atitudes radicais, do tudo ou nada, do oito ou oitenta. Não gosto de meios tons, nem de pastéis. A minha casa está pintada de cores vivas e intensas, sem qualquer margem para dúvidas. O meu coração também.

Tudo o que não se harmonizar cromaticamente, vai fora.
Não quero cá ruídos a estragarem-me a composição.

03 janeiro 2008

Anda tudo a dormir...


















A minha árvore de Natal não é decorada com bolas, nem tem uma estrela no topo.

É uma árvore de Natal que cheira a Primavera, em que tudo é vida e cor.

As flores salpicam os ramos de uma tonalidade verde irreal. As borboletas flutuam em danças sinuosas e as libélulas congelam o bater das suas asas e com os seus corpos em curva rematam a composição em pontos estratégicos. Sobe então, em helicoidal, a grinalda sobre um rio de luzinhas estáticas. Quando todas as outras piscam ou apagam, aquela ondulação cor-de-rosa (que mais poderia ser?) permanece iluminada. As estrelas ficam sobre a mesa e mais tarde substituem as prendas sob a árvore.

Delicio-me durante horas a olhar para ela. Sempre fui assim.
Mais do que canções tristes, o Natal é acordar para a vida.
E essa eu faço questão de celebrar o ano todo.

FELIZ ANO NOVO!