22 abril 2008

As anedotas das minhas "crianças"

As minhas crianças (este ano) vão dos 15 aos 23. Eu chamo-lhes sempre "meus meninos" e eles sabem que são os "meus putos", tenham filhos, borbulhas ou barba rija.
Parto-me a rir com eles e adoro turmas assim: com uma boa dose de bom humor com cheirinho a "wit". Adoro aprender com eles e saber finalmente o que são cacauettes. Se soubesse que isto era francês tinha perguntado à Cláudia, mas como andava a relacionar com "caca", nunca mais lá chegava.

Enfim.
As minhas crianças, as únicas que me aventuro a ter de momento, vêm sempre contar a "última", porque sabem que solto o meu riso ruidoso sempre que oiço estas parvoeiras. São os 10 segundos de fama de cada aluno na aula, que têm o dom de me pôr sempre sorridente e de atrair boas energias para começar a aula - Geometria Descritiva, entenda-se, é preciso captar muiiiiiiiiiiiiiiiita energia!

Aqui ficam algumas das pérolas do meu dia-a-dia no trabalho:

O que faz um hipopótamo em cima de uma tartaruga?
"Hip Hop Tuga!"

Porque é que a manteiga não vai à discoteca?
Para não ser barrada à entrada.

O que diz um tubarão para o outro?
"Tu baralhas-me"

O que diz um Tomate para o outro?
"Tu matas-me"

O que diz uma chita para a outra?
"Tu chitas-me"

Uma impressora a outra?
- Essa folha é tua ou é impressão minha?

E uma porta a outra?
- Importas-te?

Era uma trovoada tão forte, tão forte, tão forte, que em vez de caírem raios, caíam diâmetros!

O que é um paraquedista de etnia cigana?
Um paralelo.

O que diz o café para o Nescafé?
Nescafé n' és nada!

12 abril 2008

Cabelos, projectos e framboesas!

A vida corre depressa. Ainda há pouco tempo estava a ser colocada e agora já me vejo a ter saudades dos alunos que vou perder daqui a dois meses.
Tudo passa num in
stante e qualquer dia já começo a dizer coisas horríveis como: "quando eu era nova!"

Creeeeedddooo!!!!

Vivo bem com a minha idade, as minhas rugas, e com os meus lindos cabelos brancos. Por isso, quando entro no cabeleireiro, digo: "É para manter!"
Manter os cabelos brancos, o corte comprido e escadeado, a boa disposição, a atitude perante a vida. É tudo para manter! Está bem como está.

Mas no meio disto tudo não resisto em pedir para esticar a caracolada, que já só lhe falta os orégãos para dar um bom lanche de Verão. E quatro dias por ano fico com a aparência de uma pessoa séria, mais sofisticada, mais velha e responsável, lisa e sem graça.
São só quatro dias por ano. O suficiente para mostrar aos caracóis quem é que os põe na linha!

Os 30 anos estão a chegar a olhos vistos, e eu cada vez estou mais entusiasmada - até eu me surpreendo com esta alegria toda!
Creio que é como entrar no 10º ano, ou entrar para a faculdade. São metas ambicionadas, que nos abrem portas para desafios novos e emocionantes.

Casar ou qualquer coisa do género.
Engravidar e pela primeira vez usar um tamanho de soutien que impressione visivelmente - esta estou à espera há anos!!!
Ter filhos, "aturá-los" até ao último dos meus dias e exigir a paga em beijinhos. :)
Cantar no carro, mas agora com coro lá atrás.
Vestir-me a condizer com os miúdos - tipo von Trapp family singers!
Mudar de casa.

Estabilizar a vida profissional.
Ser melhor, sem deixar de ser o que sou.


Fazer o que quero, quando quero e porque quero.

Era com este entusiasmo que eu antecipava a entrada no 9º ano, no secundário, na faculdade. Eu ansiava envelhecer. E hoje já começo a pensar que a pessoa só lamenta envelhecer, quando de facto já está é velha. E eu, por muita ruga que se forme no meu rosto, ainda me sinto uma miuda deslumbrada com tudo o que tenho pela frente.

A pessoa, se olhar um pouquinho para o lado (não é preciso mais), vê que se acordou com saúde isso já é um dia feliz. Se consegue levantar-se da cama e ir até à janela cheirar o ar fresco, é uma benção. Se consegue andar e dar um passeio de bicicleta com o vento a embaraçar o cabelo todo, é um sonho.

Se olharmos um pouquinho para o lado, vemos que há pessoas a quem, sem quê nem porquê, Deus já vaticinou "Game over!"
E a mim Ele continua-me a dar fichas para jogar.
Todos os dias.
E logo eu, que sou viciada neste jogo!...

P.S. - As fotos que ilustram este post têm como pano de fundo o doce tom de framboesa do meu hall de entrada. É de lamber, não é? Rico, numa tonalidade indecisa entre o vermelho e o rosa, encorpado e delicado como um punhado de framboesas acabadinhas de colher.