11 setembro 2008

E ainda agora vamos a começar!..

A Cabovisão tem destas coisas.
No dia e hora exactos em que precisamos de saber o que vai acontecer à nossa vida lembram-se de cortar o serviço!

Passei uma manhã inteira isolada do mundo: sem televisão, telefone fixo e, sobretudo, sem internet.
- Nãaaa! Não vou ficar aqui à espera passivamente, que eu ontem já estive a comprimidos e hoje não vou repetir a dose!

Apoio ao Cliente (felizmente havia telemóvel): a música do costume, mas com riscos e ruídos insuportáveis. Claro que reclamei de tudo o que me deu na real gana, inclusive da música de espera. Soluções? A de sempre: esperar.

Desta vez eu esperava com a ansiedade própria de quem espera uma endoscopia.

Telefono à minha mãe que me consegue ver as listas pela net do emprego.
-Vou ver nos Colocados! - dizia ela, enquanto eu virava a cara e fechava os olhos como se estivesse prestes a apanhar um susto num filme de terror.
- Estás aqui!!! - supõe-se na dita lista.
- Aqui? - e penso: Se estou "aqui" é porque estou colocada, seja num gueto, seja no secundário, seja muito ou seja pouco, já não há nada a fazer.
Da minha boca saiu um "oh, não!" tão genuíno que a minha mãe até se assustou.
- Oh não, porquê?

Porquê.
Porque ser professora implica ter estrutura anti-sísmica. Daquela em que se pode levar um empurrão (físico, mas mais psicológico) e a pessoa, se abanar, pelo menos não cai.

Sinto-me toda... desestruturada. Toda molenga, tipo gelatina. Se alguém soprar na minha direcção acho que caio para o lado e isto não é compatível com a profissão.
Sinto-me sem forças nem vontade para combater as tropelias que a Lurdinhas inventa a cada dia e cheguei a este estado de exaustão porque já dei mais de mim do que queria dar.
No final, mostram-me sempre a porta da rua.
"Ah, gostámos muito do seu trabalho, mas a porta é ali."
Contrato, após contrato, após contrato.
Não tenho visto o trabalho como um meio, sempre o vi como um fim. Um prazer, um objectivo de vida, um contributo humano. Sonhos...
Sonhos, que sem eu saber como, passam a balelas e fazem da minha vida uma existência sem sentido, presenteada com o belo "Acorda para a vida!" de 31 de Agosto.

Cheguei à triste conclusão de que gosto menos de mim e que o Ensino tem muita responsabilidade nisso.
Não me queira eu enganar que não é o trabalho, a burocracia, as avaliações, os modelos de gestão, os estatutos. Não é nada disso que me põe triste.
É o Ensino, no esplendor da sua ausência de valores, que me faz sentir mal comigo própria, me provoca frustrações recorrentes, ansiedades e angústias desnecessárias.
É isto.

"Ah e tal! Tu devias era aprender a lidar com isso em vez de pores a culpa no ensino"
Pois devia... mas saber disso ainda me deixa mais deprimida.