Começou um novo ano. Uma nova esperança. Mais uma vida para gastar neste jogo de "game over"s seguidos.
Surpreendeu-me uma menina de dez anos, minha aluna, pela forma como se dispôs a superar as dificuldades do passado. No último dia de aulas havia-me dito no início da aula:
"- Professora, hoje venho cheia de vontade para trabalhar!"
Para um professor isto é, obviamente, música para os ouvidos. Mas no dia da avaliação, esta música torna-se descompassada, fora do tempo.
"- Hoje?? - disse eu. - O que eu queria é que dissesses isso no início do próximo período".
A menina foi de férias, e eu também.
Esquecem-se por 15 dias os nomes dos alunos, os números, as turmas, as tragédias, o horário lectivo, as responsabilidades, os afazeres.
E em Janeiro, depois das passas, do champanhe e do prometido novo começo, volta-se à carga com as baterias recarregadas.
No primeiro dia de aulas, pega-se no livro de ponto, na chave da sala, atravessa-se o pátio da escola até ao bloco, faz-se um aceno e deseja-se um bom ano à D. Carla (a funcionária mais super-hiper-mega querida! Um dos ex-libris da escola!), mete-se a chave a porta, pousam-se as coisas na mesa e, de repente, dois olhos azuis estão especados à nossa frente, com um sorriso orgulhoso:
"- Professora, hoje venho cheia de vontade para trabalhar!"
Com esta menina, tenho aprendido/consolidado a ideia de que as grandes realizações dependem tão somente da nossa determinação. Ela tem estado a vencer os obstáculos dela, porque olha a vida de modo diferente e, por isso mesmo, a vida torna-se-lhe diferente.
Porque é Ano Novo e porque faz parte fazer projectos e planos, eu tenho para vocês o único desejo de que beneficiem da mesma determinação desta menina.
Façam tudo como se fosse de propósito, até os erros, porque para o ano que vem voltamos a ter uma nova tentativa, uma vida novinha em folha para estrear e remendar tudo o que não ficou exactamente bem.
Determinação, meus caros amigos.
Tudo o resto surgirá, a seu tempo, como por magia.