Sabe lá o Aladino a sorte que teve!
O génio da lâmpada concedeu-lhe três desejos. Três.
E neste momento um só, unzinho, chegava:
Parar.
Pronto... parar e derivados.
Na sexta feira passada levei uma pica de penicilina. O cocktail de maleitas que mixei durante as aulas, com os meus alunos, resultou num nome pomposo: Laringo-faringite! Boa!
Na prática dá umas dores de garganta até aos ouvidos e sentimos a laringe e a faringe como se estivesse em ferida, a doer e a arranhar cada vez que engulo. Acontece que uma pica não chegou e a doença, teimosa feita a Euribor, prolongou-se para lá do fim de semana.
Ontem comecei com os comprimidos, genéricos, fantásticos só no preço, porque nos efeitos secundários ainda me fazem mais doente.
Ponho-me a pensar porque me sinto tão cansada, porque me sinto sem acção e porque raio esta doença não melhora? Os professores têm de guardar as doenças para o fim de semana. E eu guardei a minha, como manda a Lei, mas não consigo fazer com que ela pare. Tenho mais três dias de aulas até à pausa do Carnaval e estou a vê-los como os últimos abdominais depois de uma longa série (das aulas do Diogo, claro!).
A doença física desgasta-me psicologicamente, porque tenho tanta coisa para fazer, que estar doente só me faz stressar ainda mais por não conseguir fazer tudo o que me propus. É angustiante...
Angustiante e sintomático, porque se a esta altura do campeonato, me caísse uma lâmpada nas mãos como a do Aladino, o meu primeiro e único desejo seria: Parar.
Ou derivados: dormir, ler, ver televisão, jogar computador.... tudo o que implique no máximo o mexer de olhos e, vá lá, uns deditos para mudar a página ou clicar no rato.
Quero parar.
Quero parar daquele parar que a gente quer quando está às voltas num carrocel e já se começa a sentir o enjoo.
Quero parar.
Porquê, perguntam vocês?
Não tem problema, eu explico a piada.
Sempre que não estou a fazer qualquer coisa para a casa ou para a escola, estou a morrer de remorsos por não o estar a fazer. Daí que a qualidade do meu descanso se tenha deteriorado bastante desde que, recentemente, decidi que não fazer nada é uma extrema perda de tempo.
Que raio de sentença mais estúpida, esta. Não fazer nada é só a condição para se conseguir fazer tudo. E aqui está a demonstração de como as Balanças procuram eternamente o equilíbrio, sem nunca o encontrarem. Ou é ócio puro e duro, ou é um tsunami de trabalho. Não há quem me entenda, e nem eu já me aturo.
...(suspiro)...
Só queria mesmo parar.
E derivados.
4 comentários:
Parar, por vezes, é fundamental; é um distanciamento; é um questionar se o que estamos a fazer é válido; é pôr em causa uma obrigação que alimnetámos e que pode, na realidade, nem ser o que seria necessário; é, acima de tudo, dar um espaço ao nosso eu e libertá-lo dos "objectos" que interferem na nossa liberdade de ser.
Luís
Olá, Sofia!
Depois de uma pequena ausência, aqui venho cochichar novamente. :)
Eu tenho por experiência que, quando chegados a meio do segundo período lectivo, se atinge um ponto crítico. Já se percorreu half the way, mas ainda falta um outro tanto para se chegar ao fim do caminho traçado. As forças estão diminuídas e o alento parece esmorecer. Uma pausa nestas circunstâncias urge, transformando-se numa verdadeira necessidade.
É preciso parar para restabelecer energias e mesmo para preguiçar um pouco, porque só assim se poderá continuar a fazer mais e melhor. Eu recordo-te as palavras sábias e sensatas que deixaste nos escritos & ditos (as quais aproveito para a agradecer, pois muito me confortaram a alma): o deixar-se andar, o aproveitar os tempos de ócio, ler, o pijamar (entenda-se com isto um périplo da cama para o sofá em roupas de dormir), o não fazer absolutamente nada!
A pequena enfermidade (fruto da época fria) que, infelizmente, te atingiu conduziu-te a uma pausa forçada. Assim que te sentires recuperada (e espero que o estejas o depressa possível), procura dar-te a ti própria a oportunidade de descansares. Aí sim, depois de completamente restabelecida da doença e da fatiga, poderás novamente exigir-te uma full time dedication to work.
Beijinhos
(P.S.: Em dia de São Valentim, namorada doentinha merece miminhos dobrados. Terapêutica a solicitar ao Drº André! ;) )
Parar é pré-requisito para andar. E eu sei bem papaguear esta cantilena para os outros, mas é mais do género do frei Tomás: "façam o que ele diz e não o que ele faz!"
Para dar largas ao ócio, na próxima segunda-feira estou a planear ir à aulinha do Diogo.
"Só para não fazer nada!!"
;P
Beijinhos para a Cláudia e o Luís e força para as odisseias de ambos.
Fico muito contente que regresses às aulas do Diogo! :)
Porém, na qualidade de tua amiga, é meu dever avisar-te que se realmente queres dar asas ao ócio, prepara-te antes para um: " Só para não fazer nada pouco..."
Agora executamos uns abdominais que são UPA, UPA!
Beijinhos e até 2ªfeira.
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