As faltas contam para avaliar a assiduidade do professor. A assiduidade do professor conta para a sua progressão na carreira. Assim quem falta mais... basicamente e sem escrúpulos... lixa-se!
Havia as licenças de maternidade e paternidade, mas lá se lembraram que no nosso país a média de filhos por casal é de 1,5. Um e meio... Um filho, mais meio.... Bem, nem vou seguir por aqui, mas só me apetece fazer piadas estúpidas sobre meias-pessoas que conheço por aí!
Com estas indefinições sobre o que conta e o que não conta para avaliar um professor, os professores, na dúvida, resguardam-se. Se durante anos cumpriram as regras do jogo e vêem agora legislações a penalizarem-nos por não terem feito mais do que lhes era pedido, é natural que agora se fechem como um ouriço perante o perigo.
Quem é que sofre?
Os alunos.
Na reunião de Encarregados de Educação tive de comunicar que a visita de estudo de Português não se ia realizar. Isto porque os professores teriam de faltar a mais aulas do que apenas às das turmas envolvidas. Isso implicaria a marcação de falta, justificada com artigo próprio, pois o professor encontra-se em serviço oficial.
Mas agora, faltas são faltas. Nem que vos morra a mãezinha, nem que o vosso filho esteja a vomitar com convulsões e febre, nem que precisem de uma consulta e o horário do médico de família seja totalmente incompatível com o vosso.
A minha curiosidade faz-me pensar...
Será que se um aluno me partir uma cadeira na cabeça vou ser penalizada na minha avaliação, porque não me desviei com a devida rapidez de resposta dos meus reflexos??
Ridículo...
Tudo isto é ridículo...
Patético...
Triste...
Feliz ou infelizmente a minha patroa descansa-me e diz-me: "Faz o que tens obrigação de fazer!"
E eu lá vou, em visitas de estudo, borrifando-me para as faltas e para a avaliação. São faltas muito bem dadas. A ministra não me agradece, mas os miúdos, lá à sua maneira e no seu devido tempo, darão valor. E mesmo que não dêem, não amarguro faltas dadas com dedicação.
Empregados que pensam por si, são maus empregados.
Soldados que desobedecem ao capitão são a vergonha do pelotão.
Se a minha patroa é a ministra, eu, na realidade, sou uma dissidente.
Se a minha patroa for a minha consciência, eu... na realidade... sou livre.
Livre das amarras da mesquinhice quotidiana.
E humana também.

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