Respira.
A calma é uma sensação que há muito não me invade. Somatizo tudo no estômago e depois aparecem gastrites disfarçadamente originadas em bons repastos.
Havia o tempo em que olhava para a balança e pensava: Só espero não pesar mais.
Hoje pensei o contrário. E pesava menos um quilo do que ontem e menos 2 do que há um mês atrás.
Graças a Deus eu tinha reservas nas coxas e traseiro, ou a esta hora estava uma perfeita anorética.
Algo está mal quando eu começo a tocar piano nas costelas. É aí que eu noto logo: "estou mais magra!"
Depois começamos a apertar mais um buraco no cinto, a vestir roupa agora mais largueirona, a sentir as calças que antes se seguravam na cinturam a descairem. O cúmulo é mesmo vestir aquelas peças que guardei só para me relembrar da meta de corpinho que eu queria ter.
Tenho ali umas calças verdes que até tenho medo de as experimentar. Se me servirem acho que entro em pânico, mais do que tenho andado.
Estou por isso a adiar a confirmação...
O mal é que sempre que eu ando em stress ou preocupada fecha-se-me o esófago a tudo o que eu queira enfiar para dentro do corpo. Os comprimidos engolem-se de uma vez, mas a comida... a comida demora tanto tempo a engolir...
Noutro dia levei eras para comer uma sopa no café da estação de comboios. Era ver gente a chegar, a comer e a ir embora, e eu ali, às voltas com a colher na sopa. Como se já estivesse a comer aquilo em cima de um cabrito assado ou de uma feijoada.
Não quero comer e só me forço a isso para não irritar ainda mais a mucosa do meu estômago. Como a horas, porque sei que devo enfiar comida para dentro do corpo, não porque me apeteça, mas tem de ser.
E todos os dias vejo a minha perna mais delgada, e as minhas costelas mais desenhadas. Talvez seja dos comprimidos. É com certeza. Mas os meus nervos ajudam sempre um bocadinho.
O estômago não tem permitido cafés (já vai para mais de um mês), e os comprimidos nem um sequer dão autorização a um moscatel.
Mas pelos menos voltei a comer sobremesas sem culpa, como antigamente, só para ver se engordo! Imaginem!
Estou pela primeira vez a anti-depressivos na vida, depois de já ter passado por depressões bem mais dramáticas do que esta. Acontece que esta tem um efeito paralisante em mim, que é exactamente o que eu tenho de evitar a todo custo. Não posso parar.
Já parei.
Já escrevi para deitar cá para fora.
Já chega.
1 comentário:
Olá, Sofia,
Se calhar, tens de aprender a PARAR! Parar é indispensável para o equilíbrio das pessoas: pode ser a paragem num minuto, numa hora, num dia, numa semana, num mês ou num ano. Só que essa paragem requer que te concedas o merecimento de poder parar. Se parares 10 segundos e te puseres a agradecer tudo o que te vem à cabeça, verás que paras no tempo presente, esqueces o passado e o futuro. Tenta, não perdes nada nisso...
Luís
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