17 outubro 2006

Os meus "pulguitas"!

O tempo é curto e o meu último post foi melancólico. E a tristeza deve aparecer pontualmente, como os raios na trovoada.

Para não correr o risco dela criar raízes, decidi apresentar-vos os meus "pulguitas". Os tais que me fizeram hesitar perante a compra de uma casa fora de Azeitão: "Então e os meus cães? Quando vejo os meus cães?"

De manhã, enquanto preparo o pequeno almoço, abro a porta da cozinha e logo vêm eles ter comigo, de rabinho a abanar. O Freddy está sempre deitado ao fundo das escadas e o mais que faz é levantar a cabeça na minha direcção e articular uma expressão de pura felicidade. A minha pulguita desvairada, a Sissi, é que ao ver-me entra em colapso total, mesmo que tenham decorrido apenas 5 minutos desde a última vez que me pôs os olhos em cima.

Eu é mais cães!

Adoro sentir o seu apoio incondicional, adoro sentir-me um ídolo para alguém, especialmente nos dias em que tenho a certeza que sou uma m****. Quando estou mal, o meu primeiro remédio é ir ter com os cães e ficar a fazer-lhes festas, a penteá-los, a tratar deles, para me aperceber que tenho controlo sobre alguma coisa, que tenho de estar bem psíquicamente porque aqueles dois seres precisam de mim.
São absolutame
nte lindos e como diz o afilhado da Cláudia: "Eu adoro deles!!" :)

O Freddy é um serra da estrela que me foi oferecido pelo André. A ninhada era de dois: ele ficou com o Júnior (que é só de nome!!) e eu com o Freddy. São os dois serras mais lindos que conheço (sim, eu sou uma dona babada!), embora um seja de pelo longo e escuro e o outro pelo curto e claro.
Nesta foto o Freddy tinha 4 meses, e mesmo com 2 meses já era difícil de carregar nos braços. Sempre foi enorme e muito mansinho. Quando dormiu as primeiras noites cá em casa, gania por ficar sozinho. A minha mãe levantava-se e cantava-lhe musiquinhas de embalar - sim, a minha mãe está com um desejo agudo de ser avó! Ele lá adormecia, mas quando acordava a meio da noite, saltava as barreiras que nós lhe púnhamos e ia dormir para onde encontrasse companhia.
Sempre foi um doce de cão!
Mesmo a pesar 52 kg, e conseguindo facilmente derrubar um adulto robusto, o Freddy teve sempre cuidado com a minha avó. Ela ia lá fora apanhar nêsperas, ou ver as plantinhas, e ele andava só à volta dela como que a tomar conta.

Mesmo quando pede festas a táctica dele é muito subtil: põe-se à nossa frente e barra-nos o caminho. Nem precisa de ganir ou pedinchar, é trigo limpo!

Entretanto, o Freddy cresceu. Vai fazer 10 anos em Dezembro próximo. Continua pachorrento e com o mesmo olhar dócil. Teimoso, faz tudo o que lhe mando mas no tempo dele. Aprendeu depressa a sentar, deitar e a dar a pata, e se eu tiver comida na mão é um pri
mor em educação.

Içá-lo para a marquesa do veterinário é sempre uma aventura, e passear com ele, nos dias de hoje, só de trenó!!! É muito vaidoso, porque se delicia comigo a penteá-lo, além de no fim desfilar todo presumido, com a sua camada de pêlo brilhante e sedoso.

Em 2003, arranjámos uma companhia para o Freddy. A Sissi era uma cadelinha abandonada, trazida na mochila pelos miúdos da escola que passam aqui à minha porta. Parecia-se estupidamente com um serra bebé, e vai daí não resistimos!
Hoje vejo que esta cadela podia ter morrido de fome, mas tem vivido como
uma imperatriz!
Vive feliz aqui e adora-me. E eu e a ela. :)

Tendo sido uma cadela abandonada apresentava alguns problemas emocionais e nervosos. Por exemplo, a forma de carinho que ela conhecia era morder, mesmo que de mansinho. Ao fim destes anos todos, é a única cadela que conheço que não sabe lamber o dono para o acarinhar. Com muita paciência, lá compreendeu a manifestar as suas emoções sem ser de uma forma agressiva.

Outro problema era a incontinência. Sempre que se entusiasmava por ver alguém, por me ver chegar a casa, escapavam-lhe umas pinguinhas de xixi. Pobrezinha! A emoção era demais!
Com o tempo também isto passou. O que não passou foi o facto de ela ser linda e muito fotogénica!
O Freddy também não resistiu.
Ela tinha energia pelos dois. Era um autêntico furacão Sissi!

O Freddy nunca teve ciúmes, recebeu-a como a melhor amiga dele e faz-lhe as vontadinhas todas. Deixa-a comer do prato dele, dá-lhe o lugar cimeiro das escadas para ela dormir, que é o seu posto de vigia, e brinca com ela até não poder mais.

A Sissi cresceu assim, mimada por todos. É uma princesinha, muito maria rapaz, que gosta de fazer travessuras, mas que não dispensa a sessão diária de mimos.
Talvez por isso a sua posição mais característica é de barriga para cima. Deita-se aos nossos pés à espera das festinhas, que nunca são demais. É uma oferecida! Mas apesar do que possa parecer a Sissi é uma cadela muito desconfiada! A padeira que o diga!!! Sempre que cá vem trazer o pão tem de levar com a fúria da bicha!

No fundo eu tenho muito em comum com esta cadela. Gostamos de mimos; quando não os temos pedinchamos muito; gostamos de fazer traquinices e sermos em seguida perdoadas; gostamos de chatear o próximo, por vezes até à exaustão; gostamos de festas na cabeça; gostamos de fazer birrinhas para ter o que queremos; gostamos de nos sentar/deitar em cima dos nossos companheiros (perto não chega!); odiamos a música da carrinha da Family Frost (com a diferença de que eu não uivo); e somos muiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiito curiosas!

Não se nota?
;)

4 comentários:

Anónimo disse...

Derreto-me com cães bebés, não consigo resistir a uma "festinha" a um cão qualquer; adoraria criar cães, mas como toda a gente, desculpo-me pelo facto de não ter condições para o fazer.

É delicioso testemunhar pela narrativa essa vivência tão humana e partilha com a Natureza.

Luís

Anónimo disse...

Luís:
Fico feliz pelo facto de conseguires resistir a um desejo destes, pela simples razão de não teres condições.

Parte-me o coração ver os cães em varandas minúsculas! Eu, na nova casa, nem varandas tenho. Os cães ficam com os meus pais e eu vou lá dar os mimos. Foi a melhor solução para todos.

Cá em casa, há muito tempo que se fazem férias alternadas. Os cães nunca ficam sozinhos.

A tua desculpa para não ter cães é a melhor prova de respeito e amor por estes animais. :)
Beijinhos

Anónimo disse...

Eu também "adoro da bicharada"!;)

Tivemos cá em casa, durante anos, uma cadelita muito ternurenta.

Apareceu-nos por aqui abandonada numa noite. Usou do encanto canino e fez-nos derreter com os seus olhinhos de súplica de quem pede: "deixe-me ficar!". Ficou, inevitavelmente. :)

Não primava muito pela beleza, mas era cá de uma meiguice! A recepção sempre que um de nós chegava a casa ou a despedida sempre que um de nós saía era (à falta de um adjectivo melhor...) calorosa: rabiosque a abanar, patitas penduradas nas nossas pernas e lambidelas nas mãos!

Sinto falta disso. A dedicação de um animal ao dono, que dele cuida, é constante e genuína.

Beijinhos

P.S: os teus pulguitas são uma fofura! ;)

Anónimo disse...

Tá muito giro este post. Os animais são nossos amigos, não haja dúvida, e a única coisa que pedem é atenção e carinho. Eu sou muito ligada a animais também. Não tenho um cão, mas se tivesse, se calhar nem saía de casa só para estar com ele. Tenho o Zeca (papagaio) que é um mimo, e que tb me adora. assim que meto a chave na porta, lá fica ele agitado, às voltas, ás voltas até ao momento em que vou ter com ele, para falar um bocadinh com ele e fazer-lhe festinhas. Os animais são fantásticos, são como nós, sentem as coisas de coração.
Anocas Bombocas