19 fevereiro 2007

Aceitam-se sugestões!

Acabei de ler o Decreto-Lei nº 35/2007, de 15 de Fevereiro.
Estou pasma.

Acabo de confirmar, mais uma vez, que a minha segurança e estabilidade não pode mais fiar-se numa vocação, dedicação, missão, gosto, sei lá, chamem-lhe o que quiserem.
A esta altura do campeonato, constato que só quem tem pais ricos e/ou ganhou a lotaria, é que pode ir para professor.
Fazer disto um hobbie... é ofensivo para qualquer desgraçado que (ainda) leve esta profissão a sério!

Dado o meu estado de consternação, achei simpática a ideia de aceitar contribuições vossas para escolher uma nova profissão, ou um novo país para morar.

Digam de vossa justiça: se eu não fosse professora, o que podia eu fazer para ganhar a vida? Pode ser que encontre finalmente a minha vocação. Pode ser que eu esteja apenas a bater numa porta que está destinada a não mais se abrir.
Pode ser que eu nem tenha nascido para ser professora, mas sim manicure. Ou cabeleireira! Eu corto muito bem o cabelo ao André, mesmo com a tesoura! Demoro algum tempo, é um facto, mas fazia um curso no IEFP e ganhava prática. E cabelo não falta por aí, está sempre a crescer, mesmo que a malta não queira.

Apesar de eu estar na brincadeira, fico à espera da seriedade das vossas sugestões!

3 comentários:

Anónimo disse...

É a primeira vez que me comento a mim própria. É a estreia. Acontece que tenho vergonha de tecer mais tristezas num novo post, e este chega bem para esticar e pôr ao sol as minhas angústias.

É normal a pessoa sentir-se estúpida por ter escolhido uma carreira que não tem igualdade de acesso?

É normal me sentir angustiada cada vez que leio um novo pedaço de legislação?

É normal serem os contratados a pagar um sistema de selecção super-hiper-mega burocrático (com as cartinhas registadas e os telefonemas para as escolas longínquas) quando o Ministério já gastou milhões num programa que funciona (finalmente!) bem?

É normal que, perante isto, não me apeteça dar aulas e exceder aquilo que é a minha função, como ficar para além do tempo das aulas para atender pais que não têm tempo para ir à hora marcada?

Sou eu que sou parva, ou quê? A ministra está a prosseguir com a sua política de contenção de custos e eu ainda trabalho à borla, sem que ninguém me pague a gasolina para ir 2ª vez à escola ao final da tarde? Isto para já não falar de estar muitas vezes a imprimir documentos e fichas em casa, a fornecer as minhas próprias tintas para os alunos pintarem, bem como os meus próprios pincéis e outros materiais.
E (curtam esta!) compro-os especialmente para eles!!! Para usarem quando se esquecem dos seus pincéis (ou quando nunca os trouxeram desde o primeiro dia de aulas!).

Estou chateada, pois 'tá claro que estou chateada!

Estas medidas é certo, atacam muitos dos podres das escolas. Mas ao fazê-lo, levam atrás professores que são dedicados que trabalham fora de horas, que fazem muito mais do que eu. E para eles não é justo serem tomados como a ralé.

Já aqui o disse: gostava de poder ser melhor professora, mas sei que faço o melhor que posso e sei. Pode não ser muito, mas é minha maneira de me dedicar.
O sonho de professora que eu queria ser só se realiza com poucas horas lectivas e com turmas de máximo 15 alunos - 12 era o ideal!
Atenção individualizada geral! Gostava de poder pensar nisso como se de uma realidade se tratasse. Este decreto-lei da contratação é um beliscão que me faz acordar. A educação tem como meta a sustentabilidade e não os alunos.
Como tal, daqui a uns anos teremos um sustentável péssimo sistema de ensino.

Deveria parar de ler tanta legislação? Deveria deixar-me levar pelas ondas do destino?

Soube desde sempre que a única razão para não conseguir o que queria era não ser suficientemente boa no que fazia.
Dei o litro desde que me lembro de entrar para a escola. E agora dizem-me que posso não ficar no lugar porque não preencho o requisito de viver no concelho da escola a que concorro??
Eu que já trabalhei em 4 distritos diferentes???

Ontem vi "As cartas de Iwo Jima". Os japoneses têm dificuldade em questionar as estruturas hierárquicas porque se baseiam num rígido sistema de valores, baseados sobretudo num severo código de honra. Não há porque questionar.
Do lado de cá da tela nós, ocidentais, insistimos no espírito crítico, criticando a actuação passiva dos personagens. Mas eles, ao contrário dos portugueses, têm razões mais altas para se submeterem a suicídio por ordem superior.
Nós por cá, fazêmo-lo só por preguiça de questionar as nossas lideranças.

Estou sentida com o rumo da minha profissão. Não sei o que faça para me sentir melhor.

Será a resignação o melhor passo a dar? Ou a revolta?
Estou confusa e cansada. Odeio perder o norte, deixar de saber o que me faz correr. Corro já sem sentido, sem saber para onde.
Como o soldado que segue cegamente o seu capitão...

Anónimo disse...

Numa primeira impressão, aconselhar-te-ia a ser sindicalista,porque conheces realmente os problemas do ensino, gostas de leccionar, sabes argumentar, e corres o risco de não ter emprego (tudo o que os sindicalistas não têm). Digo-te isto, porque sei que gostas de formar/educar/ensinar, uma vez que para ti as relações pessoais (parece-me que) são uma paixão, e seria bom para todos nós haver pessoas que defendam a nossa causa de forma consisitente e fundamentada.
Mas como parece uma batalha perdida, atendendo a que o Ministério que temos pertence a uma maioria absoluta (o que é quase igual a uma ditadura), Portanto, numa segunda impressão, sugiro-te que te dediques à escrita (sobre arte, sobre pedagogia).

Espero ter sido pertinente.

Luís

Wal Rufino disse...

Não tenho nenhuma sugestão, por enquanto! :)
Só te digo uma coisa;
Estava sem net e agora estou é atrazada aqui pra ler tudo isso, eita mulher que escreve meu! Eu tenho é dó da Ministra da Educação, coitada meu, dá uma tregua!
Beijinhos...
Wal