26 março 2007

"Os Grandes Emigrantes"

Vi "Os Grandes Portugueses" e pus-me a pensar:

O nome do concurso é tendencioso: não há Grandes Portuguesas??? Como é possível que a lista de finalistas não inclua nenhuma??
Por trás de um grande português há sempre uma portuguesa espectacular, mas quem vive na sombra não tem direito aos holofotes. Porém, é na sombra que tudo se congemina e até o mundo nasceu da escuridão. Ver a mulher como a Origem é perigoso, pois dá-lhe um poder indesejado por muitos.
Na Bíblia o homem é a origem. Vem explícito, com todas as letras. Acontece que Adão é feito a partir de um pedaço de barro. Barro é terra, e terra é matéria. "Mãe" e "matéria" derivam da mesma palavra do latim: "mater". Mãe é a origem, porque é donde se nasce.
Isto, obviamente, não vem explícito com todas as letras e, como tal, é tratado como "Diz que é uma espécie de Código da Vinci". (Eu hoje estou muito domingueira!).
De "origem", os livros concederam apenas uma referência à mulher: a do pecado original. Sim, porque se ela tinha de ser a primeira nalguma coisa era a fazer asneira! Como se o hábito de catrapiscar a fruta dos outros fosse exclusivamente feminino!

Bom, adiante! Que isto é problema da humanidade e não só dos portugueses.

Lembrei-me então que, sendo Portugal um país pequeno, qualquer Grande Português não podia cá caber. E teria de abrir os seus horizontes, porque o país é de vistas curtas.
A próxima aposta da RTP devia ser "Os Grandes Emigrantes".

O pessoal em Portugal não emigra: pira-se.
E como pirar tanto dá para fugir como para dar em doido, aqui ficam uns nomes cuja classificação deixo ao vosso critério:

- Paula Rego (se ela ao menos articulasse um discurso com o mesmo vigor e coerência plástica da sua pintura....)
- Joaquim de Almeida (em Portugal tinha cara de pelintra, nos EUA é gangster - a isto se chama subir na vida)
- D. Sebastião (não me venham com tretas, o homem estava a ver o caso mal parado e deu à sola! A história do nevoeiro é só para enganar!)
- Durão Barroso (este nem precisou de inventar nevoeiro nenhum!)
- Carmem Miranda (é muiiiiiiiita fruta!!!)
- José Saramago (o homem não é emigrante, ele passa é férias nas Canárias o ano todo!!)
- Tony Carreira (claro, obviamente, o rei entre os emigrantes!)

Emigrar não tem a ver com gostar ou não deste cantinho à beira mar plantado. É simplesmente o reconhecer de que é o próprio país que estabelece impedimentos e coloca obstáculos ao nosso desenvolvimento pessoal e/ou profissional. Na prática é como sair de casa dos pais, mas à escala nacional.

Aqui fica, portanto, a minha homenagem a todos os que saíram para terem uma vida melhor, mesmo fazendo o sacrifício de abdicar de uma das gastronomias mais consensuais do mundo!
E um beijinho especial para os meus amigos emigrantes, que se piraram para a Holanda e para a Alemanha: fico à espera do dia em que será Portugal a beneficiar do vosso talento. ;)

2 comentários:

Anónimo disse...

É, também eu estou à espera desse dia... o talento que eu vou mostrar ainda não sei bem qual é, talvez o culinário, com influência alemã, mostrar aí ao pessoal como se faz uma bela duma Bratwurst acompanhada por uma não menos excelente salada de batata e tudo empurrado por uma Hefeweizen, preta de preferência (a famosa dunkles Weizen). E para mostrar o meu vínculo à terrinha mãe, come-se um arroz doce, que eu ainda não sei fazer mas posso pedir a receita à minha avozinha. Que acham, temos jantarada?

Anónimo disse...

Oh, que lhe fica tão bem a modéstia! :)

Pois é, estás a deixar-me com a água na boca. O arroz doce é por minha conta: deve ser das poucas coisas que eu sei fazer.

A malta tem é de arranjar um fim de semana para ir aí (repara na minha subtileza a cravar estadia!) para pormos a conversa em dia. E comer as salsichas, claro!

Telefona mais vezes, e da próxima deixa-me falar com a Wal. Já tenho saudades do sotaque dela!

Beijinhos para os dois e boas comezainas.