Raio X ao esófago com papa baritada.
Diz que sabia a iogurte magro com açúcar, mas também há a versão de saber a giz.
Ao fim de sete horas de jejum (que o exame estava marcado para as 13h30 - sim, da tarde!) aquilo sabia mas era a mel! Foi de penalty até ver o fundo ao copo!
Nham!!
O maná dos tempos modernos ou, "prontos", vá lá, dos esfomeados!
29 agosto 2007
22 agosto 2007
Holanda: Prós e contras (parte II)
Sabe-se lá porquê, quando me perguntam se gostei da Holanda a minha cabeça hesita em dizer logo que sim.
Claro que foi uma viagem fantástica, com deliciosos passeios, com vistas e panorâmicas diferentes, com uma cultura diferente...
A Holanda é pequena (metade de Portugal), está no centro da Europa (a meio termo, sem extremismos e com o máximo de tolerância de todas as posições e escolhas). A Holanda, em Agosto, não faz vibrar a paisagem com a intensidade cromática dos campos de bolbos, e por isso, é um país das pequenas coisas.
Eu própria, não sou como a Holanda. Eu tomo muitos partidos, sou oito ou oitenta, compro guerras à conta das minhas ideias ou posições e instigo discussões sobre tudo aquillo que não concordo.
A qualidade de estar no meio, de ser equilibrado, tem um preço. Mas é mais barato do que aquele que pagamos por assumir extremos.
A Holanda, poderá vir a revelar-se uma boa surpresa com o passar dos tempos, mas por enquanto guardo o ressentimento da desilusão. A Leiteira de Vermeer, as verdadeiras motivações de Van Gogh...
No entanto, apesar da verdade ao vivo ter desacreditado toda a verdade dos livros e da minha cabeça, restam as pequenas coisas, que antes eram ofuscadas, e agoram ganham um brilho próprio aos meus olhos.
Depois de muito espernear, esquecem-se os girassóis, que ainda me está prometido ver os de fundo azul em Munique, e valorizam-se as, até então, pequenas coisas. Frans Hals foi uma total descoberta e eterna delícia de observar.
A pincelada gestual de uma precisão incrível, faz dos seus quadros pontes com o presente. Ali, ao vivo, a 20 cm da matéria cromática, eu senti a presença, o movimento, a acção. Como se o pintor, gestualizasse ad eternum, cada pequena mancha de tinta. Percorrer os brilhos desta faixa é percorrer a tela com os olhos de Frans Hals e essa é uma experiência memorável.
A pujança e vivacidade da cor aqui representadas na imagem ficam muito aquém daquilo que ficou gravado na minha retina. Ainda assim aqui fica um pequeno testemunho.
Aprendemos a gostar dos quadros pelas suas imagens nos livros, como se essas representações pudessem substituir na íntegra os originais. Hoje olho para as fotografias da minha avó e a única coisa que me ocorre é que elas nunca poderão representar nem uma fracção de milésimo daquilo que ela era.
PRÓ: Sentir a mão de Frans Hals e observar de perto o tratamento da matéria por Rembrandt, quer no tratamento dos fundos com riscado, quer nas espessas massas de cor quase expressionistas.
CONTRA: conhecer um Van Gogh que se vendia ao sabor das tendências, inseguro e hesitante. Conheci finalmente a humanidade de quem eu fantasiara como um génio. Porém, fica a lição: viver e morrer como um fracassado, não é impeditivo de se chegar ao sucesso.
A Holanda não foi uma experiência grandiosa, mas pode ser que com o tempo eu consiga ver mais do que esplendor das pequenas coisas.
Claro que foi uma viagem fantástica, com deliciosos passeios, com vistas e panorâmicas diferentes, com uma cultura diferente...
A Holanda é pequena (metade de Portugal), está no centro da Europa (a meio termo, sem extremismos e com o máximo de tolerância de todas as posições e escolhas). A Holanda, em Agosto, não faz vibrar a paisagem com a intensidade cromática dos campos de bolbos, e por isso, é um país das pequenas coisas.
Eu própria, não sou como a Holanda. Eu tomo muitos partidos, sou oito ou oitenta, compro guerras à conta das minhas ideias ou posições e instigo discussões sobre tudo aquillo que não concordo.
A qualidade de estar no meio, de ser equilibrado, tem um preço. Mas é mais barato do que aquele que pagamos por assumir extremos.
A Holanda, poderá vir a revelar-se uma boa surpresa com o passar dos tempos, mas por enquanto guardo o ressentimento da desilusão. A Leiteira de Vermeer, as verdadeiras motivações de Van Gogh...
No entanto, apesar da verdade ao vivo ter desacreditado toda a verdade dos livros e da minha cabeça, restam as pequenas coisas, que antes eram ofuscadas, e agoram ganham um brilho próprio aos meus olhos.
Depois de muito espernear, esquecem-se os girassóis, que ainda me está prometido ver os de fundo azul em Munique, e valorizam-se as, até então, pequenas coisas. Frans Hals foi uma total descoberta e eterna delícia de observar.
A pincelada gestual de uma precisão incrível, faz dos seus quadros pontes com o presente. Ali, ao vivo, a 20 cm da matéria cromática, eu senti a presença, o movimento, a acção. Como se o pintor, gestualizasse ad eternum, cada pequena mancha de tinta. Percorrer os brilhos desta faixa é percorrer a tela com os olhos de Frans Hals e essa é uma experiência memorável.
A pujança e vivacidade da cor aqui representadas na imagem ficam muito aquém daquilo que ficou gravado na minha retina. Ainda assim aqui fica um pequeno testemunho.
Aprendemos a gostar dos quadros pelas suas imagens nos livros, como se essas representações pudessem substituir na íntegra os originais. Hoje olho para as fotografias da minha avó e a única coisa que me ocorre é que elas nunca poderão representar nem uma fracção de milésimo daquilo que ela era.
PRÓ: Sentir a mão de Frans Hals e observar de perto o tratamento da matéria por Rembrandt, quer no tratamento dos fundos com riscado, quer nas espessas massas de cor quase expressionistas.
CONTRA: conhecer um Van Gogh que se vendia ao sabor das tendências, inseguro e hesitante. Conheci finalmente a humanidade de quem eu fantasiara como um génio. Porém, fica a lição: viver e morrer como um fracassado, não é impeditivo de se chegar ao sucesso.
A Holanda não foi uma experiência grandiosa, mas pode ser que com o tempo eu consiga ver mais do que esplendor das pequenas coisas.
10 agosto 2007
Holanda: Prós e contras (parte I)
Um casal, um emigrante, uma casa à borla, 8 dias de férias sem programa, dinheiro e um destino... humm... do caraças! A KLM afigurou-se como a companhia aérea mais barata (com os bilhetes marcados desde Abril, pudera!!) e lá fomos nós apanhar um avião à bela hora das 2h15 da manhã. Chegamos cerca das seis da matina a Schiphol (tentem dizer com a pronúncia: "Ssrripól") e temos o belo do Trevi à nossa espera. Que bom que é, ver uma cara familiar e ouvir uma língua maravilhosa, depois de ter aturado o comandante do avião a explicar em dutch que em Amesterdão estavam 18 graus e tempo incerto com chuviscos, quando eu havia deixado para trás uma terra com 30 graus à meia noite no dia anterior!
Foi uma aventura de uma semana que venho aqui registar. A minha memória por vezes falha (já estou a caminho dos 29...) e sei que vou gostar de ler tudo isto mais tarde, para saber o eco (ainda que com uma pronúncia execrável!) que este país teve em mim.
PRÓ: O excelente sistema de transportes. Com o strippenkaart dava para viajar em todos os autocarros, eléctricos (tram) e metro. E havia bué deles por hora!!!
CONTRA: Esta língua horrível que, ao contrário da alemã, não me conseguiu seduzir nem no oitavo dia. Felizmente toda a gente falava inglês. Mas os espanhóis também falam e não é por isso que os percebo melhor. No meio de um atropelamento de palavras e frases à moda holandadesa, lá dava para descodificar o inglês subjacente! Não é tão mau como faço parecer, mas chateia-me que as pessoas só se preocupem em reproduzir palavras na sua forma e não na pronúncia correcta.