Espiolham-se as listas.
As deste ano, as do outro...
Como se alguém quisesse prever o que ia acontecer hoje ou amanhã, apenas por ler nos jornais a sequência de eventos passados.
Já é fácil para mim dizer que estou desempregada. Com um sorriso!
Já é fácil assumir que o horário não cai no meu bolso logo no final de Agosto. Com um sorriso!
O que não consigo ainda é viver nesta espera: no dilema de prever milhentos cenários possíveis de escolas boas, más; com alunos bons, maus; longe ou perto de casa, alugando quarto ou não, fazendo 100 km ou indo a pé. Com um sorriso...
Dizem-me as pessoas:
"- Deixa lá, hás-de conseguir um horário!"
E apesar de este ser o responsável por me pagar as contas, acho que agora é muito mais importante conseguir viver este desespero com o tal sorriso.
Viver os maus momentos com esse brilho no rosto não dá direito a certificado com distinção, não dá direito a aplauso, nem ovação.
Não há reconhecimento por tamanha pequena coisa, porque no final o grande benefício de ser livre é nosso.
Livre de tristezas mesquinhas, livre da opinião dos outros, livre da aceitação ou reprovação alheias.
Ser livre, com todos os falhanços sociais que isso pode implicar, é o meu (próximo) objectivo de vida. O que não deixa de ser curioso numa pessoa que sempre buscou o sucesso de projecção.
Acontece que os meus quase, quase 29 anos de idade ensinaram-me que os outros passarem-nos uma mão pela cabeça não é um objectivo em si. E muitas das vezes isso só se consegue à custa de sacrifícios que não nos dão o mínimo prazer e que até podem colidir com as nossas ideias e valores.
Os meus quase, quase 29 aninhos (reparem no esforço de mentalização!) ensinaram-me uma única coisa:
Ser livre é ser um eterno escravo...
...mas só da nossa consciência.
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