Gostava de entrar num barquinho e navegar.
Como se não houvesse amanhã.
Afundar-me numa onda e vir à tona como um golfinho.
Sou uma menina mimosa, medricas e melindrada. Assusto-me com facilidade e só nos sonhos enfrento os inimigos e as tempestades. Na vida real sou a primeira a esconder-me do perigo.
Ser responsável é saber responder pelos seus actos. E eu nem sempre quero responder pelos meus. Falta-me a cara de pau, onde me sobra a vergonha e o orgulho.
Se eu não fosse tão estupidamente orgulhosa, a vergonha nem fazia comichão, mas a mim dá-me uma coceira...
Tento fechar o meu orgulho com uma tampinha. Imagino-o na caixa das bolachas, porque nunca vi nenhuma querer galgar cá para fora.
O orgulho ali fechado, arrumadinho, e eu cá fora, sem bolachas para comer.
...
Passar vergonha é difícil de engolir.
Vai uma bolacha?
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