12 abril 2008

Cabelos, projectos e framboesas!

A vida corre depressa. Ainda há pouco tempo estava a ser colocada e agora já me vejo a ter saudades dos alunos que vou perder daqui a dois meses.
Tudo passa num in
stante e qualquer dia já começo a dizer coisas horríveis como: "quando eu era nova!"

Creeeeedddooo!!!!

Vivo bem com a minha idade, as minhas rugas, e com os meus lindos cabelos brancos. Por isso, quando entro no cabeleireiro, digo: "É para manter!"
Manter os cabelos brancos, o corte comprido e escadeado, a boa disposição, a atitude perante a vida. É tudo para manter! Está bem como está.

Mas no meio disto tudo não resisto em pedir para esticar a caracolada, que já só lhe falta os orégãos para dar um bom lanche de Verão. E quatro dias por ano fico com a aparência de uma pessoa séria, mais sofisticada, mais velha e responsável, lisa e sem graça.
São só quatro dias por ano. O suficiente para mostrar aos caracóis quem é que os põe na linha!

Os 30 anos estão a chegar a olhos vistos, e eu cada vez estou mais entusiasmada - até eu me surpreendo com esta alegria toda!
Creio que é como entrar no 10º ano, ou entrar para a faculdade. São metas ambicionadas, que nos abrem portas para desafios novos e emocionantes.

Casar ou qualquer coisa do género.
Engravidar e pela primeira vez usar um tamanho de soutien que impressione visivelmente - esta estou à espera há anos!!!
Ter filhos, "aturá-los" até ao último dos meus dias e exigir a paga em beijinhos. :)
Cantar no carro, mas agora com coro lá atrás.
Vestir-me a condizer com os miúdos - tipo von Trapp family singers!
Mudar de casa.

Estabilizar a vida profissional.
Ser melhor, sem deixar de ser o que sou.


Fazer o que quero, quando quero e porque quero.

Era com este entusiasmo que eu antecipava a entrada no 9º ano, no secundário, na faculdade. Eu ansiava envelhecer. E hoje já começo a pensar que a pessoa só lamenta envelhecer, quando de facto já está é velha. E eu, por muita ruga que se forme no meu rosto, ainda me sinto uma miuda deslumbrada com tudo o que tenho pela frente.

A pessoa, se olhar um pouquinho para o lado (não é preciso mais), vê que se acordou com saúde isso já é um dia feliz. Se consegue levantar-se da cama e ir até à janela cheirar o ar fresco, é uma benção. Se consegue andar e dar um passeio de bicicleta com o vento a embaraçar o cabelo todo, é um sonho.

Se olharmos um pouquinho para o lado, vemos que há pessoas a quem, sem quê nem porquê, Deus já vaticinou "Game over!"
E a mim Ele continua-me a dar fichas para jogar.
Todos os dias.
E logo eu, que sou viciada neste jogo!...

P.S. - As fotos que ilustram este post têm como pano de fundo o doce tom de framboesa do meu hall de entrada. É de lamber, não é? Rico, numa tonalidade indecisa entre o vermelho e o rosa, encorpado e delicado como um punhado de framboesas acabadinhas de colher.

11 comentários:

Anónimo disse...

Uau! Estás linda!

O corte fica-te mesmo muito bem e as fotos captaram na perfeição o movimento solto e leve dos teus morenos cabelos.

Eu, que tenho uma relação difícil com a palavra “menina” :), acho que é aos trinta e nos anos que lhe seguem imediatamente que uma MULHER atinge o auge do seu esplendor, pois, ainda mantendo boa parte da frescura dos vinte, é, no entanto, mais madura e mais confiante. Sem as irresponsabilidades, a impaciência e os excessos dos vintes, age com mais ponderação e tranquilidade. É mais sedutora e, por isso, melhor amante. Está pronta para ser mãe, porque sente em si a generosa capacidade de amar incondicionalmente um outro ser que, em toda a sua complexidade, é também uma extensão de dela mesma. Uma mulher aos trinta é igualmente muito mais bonita, uma vez que sabe realçar e conjugar de forma mais encantadora os seus traços físicos com as notas do seu carácter. Uma mulher aos trinta trabalha afincadamente, trilhando já o caminho que traçou para o seu futuro que vê, esperançada, repleto de felicidades.

Se os vinte são uma Primavera, doce e amena, os trinta são um Verão, quente e escaldante! :)

Por tudo isto, Sofia, os meus parabéns está mais cativante do que nunca!

Beijinhos

Anónimo disse...

Eu acho mesmo engraçada essa tua questão com o "menina"!


Picasso dizia que as pessoas passavam a vida a tentar deixar de pintar como as crianças, quando ele passou a vida a procurar exactamente isso.

A tua descrição dos trinta fez-me tremer de medo!! :)
Ponderada?
Tranquila?
Madura?

Era por saber que ter trinta anos implicava passar a ser isso tudo, que eu tinha terror de chegar lá.
Só me reconciliei com a idade quando percebi que ela não é uma sentença para ser uma pessoa séria e sem graça.
Podemos perfeitamente somar anos e décadas sem perder o sentido do humor e sem ter de estar sempre ao nível do politicamente correcto.

Os trintas, mais do que qualquer idade, é a idade para fazer o que nos der na real gana!!
Agora com autoridade, porque o fazemos com consciência e consequência!

E esta minha perspectiva, não se fica pelos trinta. Continua pelos quarenta, cinquenta, sessenta. Cada década tem o seu encanto e os seus desafios, e eu aguardo-as com o entusiasmo que é próprio das crianças.

Longe de mim comparar-me a Picasso, mas entendo o que ele diz. E tal como ele o fazia na arte, eu pretendo fazê-lo na vida.

Anónimo disse...

Olá, novamente!

Sempre que tento ser concisa, a coisa não me corre lá muito bem…:) Receio não ter feito passar a mensagem que pretendia, quando fiz a apologia da mulher de trinta, por isso, desta vez, vou alongar-me um pouco mais - como aliás notarás! :)-, de modo a explicar-me melhor.

Quando disse que considero que uma mulher aos trinta anos é mais madura e ponderada não quis dizer com isto que ela se torna necessariamente num ser sisudamente sério, que perca o seu sentido de humor, a sua irreverência, brilho, alegria ou graça. Uma mulher aos trinta é mais ponderada, porque já não tem os gestos irreflectidos e impacientes dos vinte. Uma mulher aos trinta, mais consciente das consequências e das responsabilidades, avalia um pouco mais demoradamente as suas escolhas e as suas decisões. Uma mulher aos trinta é um pouco mais prudente e cautelosa. E isto tem o seu charme.

Como senhora dona do seu nariz, mais do em outro momento até então, a mulher de trinta exerce sobre o Outro, fruto da sua autoconfiança, autonomia e independência, um inegável fascínio que não exercia aos vinte ou aos vinte e poucos. E isto, penso eu, é formidável, uma vez que são já os ganhos e mais-valias que nos traz o tempo que avança velozmente!

Por outro lado (e há que ver o reverso da medalha), não há “sedutoras” independência e autonomia alguma que não revelem maturidade, por mais pequena que seja… Daí eu considerar que sim, que, de facto, a mulher de trinta é pouco mais madura, é jovialmente madura.

Todas as fases da existência feminina têm o seu encanto e em todas elas encontraremos “figuras” de mulheres, figuras de nós-mesmas. Aos vinte, vivemos a expectativa, aos trinta, a descoberta! Não é muito melhor viver, sentir, experimentar do que esperar? Os trinta são um tempo de concretização. Serão tempos felizes, sem dúvida alguma!

Sei que esta batalha contra o tempo tão velha quanto o próprio tempo é inquietante e eu-mesma, apesar de todo este meu discurso, me tenho visto já a angustiar-me um pouco com a linearidade irreversível da sua passagem. Mas, Sofia, a ti to confesso: desespera-me muitíssimo mais a idiota e injusta concepção da Mulher que se tem que manter eternamente Primaveril do que o tempo que se esvoaça. Com efeito, é ignorar-se uma evidência, a evidência de que o tempo vai depondo marcas efectivas neste nosso Ser (lindo e complexo!) que, ao contrário das flores, não se restaura ao ritmo das estações.



Beijinhos

P.S.: eu escrevi, escrevi e não disse o importante… que tu estás hiper-gira, estás, sim senhora!:)

Anónimo disse...

Olá outra vez.

Eu percebi o que querias dizer da primeira vez. Eu é que extrapolei as tuas palavras! Mea culpa.

"Uma mulher aos trinta é mais ponderada, porque já não tem os gestos irreflectidos e impacientes dos vinte. Uma mulher aos trinta, mais consciente das consequências e das responsabilidades, avalia um pouco mais demoradamente as suas escolhas e as suas decisões. Uma mulher aos trinta é um pouco mais prudente e cautelosa."

Lembro-me de ter sido tudo isto e ainda não fiz trinta (!)

Odeio-me por cada vez que não me salta a tampa como deve ser. Por cada vez que tenho de calar para ser prudente, por cada vez que tenho de sorrir quando me apetece rosnar.

Lembro-me de ser sempre mais adulta do que a idade que tinha no BI. Pasmo com reacções que tive no passado que zombariam da minha criancice do presente. Admiro a força daquela que uma vez já fui e a quem cuidadosamente fui limando arestas, para aperfeiçoar, para corrigir, para dar forma.

Cheguei à conclusão que moldar a personalidade é uma tarefa semelhante à de ser escultor de fruta.
Saem sempre coisas fantásticas, mas soam sempre a falso. Porque afinal, a fruta é fruta, e a sua qualidade não se mede nas formas, mas no seu conteúdo.

Digamos que o meu conteúdo não se revê propriamente no teu retrato dos 30. Para o meu conteúdo, o próximo passo, o mais arrojado e desafiante que posso tomar é, finalmente, deixar de ser ponderada e permitir a mim própria que me salte a tampa sempre que a minha vida ou emprego não estejam em causa!

Temos visões diferentes, senão opostas, deste tema. A forma como tu vês os trinta, não foge muito do que espero ser aos cinquenta ou sessenta!

Sim, que eu estou cheia de fé no sex appeal dos pós-50!!
(Quero lá saber das estatísticas e da menopausa!)

Anónimo disse...

Como Homem, ou rapaz, dependendo da perspectiva, e obviamente, de forma diferente de uma mulher, rapariga ou menina, tenho uma visão da idade pouco reflexiva sobre a idade. Penso é que tenho que aproveitar cada vez mais responsavelmente o tempo que tenho para progressivamente ser mais feliz do que já fui; luto por isso, cada vez mais, à medida que avanço na idade. Não sou menos feliz e viçoso agora aos 37 do que era aos 30. Pelo contrário, tenho mais consciência de mim, é ela mesma que me dá felicidade; é ela mesma que me impulsiona a ponderar, mas também a obrigar os outros a serem ponderados, tanto quanto a liberdade deles acabar onde começa a minha, tanto quanto os deveres deles me ameaçarem com a opressão da minha consciência e liberdade de a conhecer e alargar.

Continua a projectares no futuro aquilo que achas que te dá felicidade...o resto são convenções.

Luís

Anónimo disse...

Talvez já seja demais insistir no tema, mas acho que devo esclarecer:

A serenidade é como um lenço de seda amarrado na boca.

Perde-se uma vida inteira para se se conseguir atingir esse estado de serenidade, espontaneamente, sem o induzir por via racional.

O silêncio é de ouro, mas calar é consentir.
Há que precisar a medida certa entre dar voz aos sentimentos ou calá-los. E medidas certas para mim são só 8 e 80.

Quando aqui digo que só quero fazer o que me der na real gana, não estou a abdicar de ser ponderada e serena. Estou a abdicar de me esforçar a 80 para ser isso. Porquê? Porque nem sempre vale a pena.

A pessoa aprende a engolir, a desvalorizar, a serenar e a única coisa que ganha é uma onda de revolta interior, por não rebentar e espumar sem medo ou hesitação, como o mar.

Assim passei a aprender a viver com alguns feitios dos outros, poupando-lhes que vivessem com o meu. Não me parece justo.

Os 30 não são a idade do bungee jumping, das tatuagens e dos piercings. São a idade para reconhecer que temos direito a sermos nós, e sê-lo perante TODA a gente.

É idade para começar a encontrar a meia medida das coisas, e isso para mim é soltar um pouquinha a rédea, e deixar-me ir na corrente.

E, sim Luís, é isso que agora me faz feliz! :)

Le_M_do_Fit disse...

Tantas palavras do "ah e tal" soam a politicamente correcto (emboram se assumam fora desse espectro). E putos pá?!? Isso é que é radical (e nos dias que correm, é preciso tomates!!). E uma gaja boa boa boa como tu (estás de facto linda nas fotos), tem de aproveitar esta tesão toda para o derradeiro carrocel...ter crias! PS: já nem sei como começou o texto, demorei uns 5 min a escrever isto, com a miuda ao colo a cantar em portunhol a musica do Mirmo, hardcore!

Anónimo disse...

Isso é uma grande verdade. Ter filhos, hoje em dia, e como diz o anúncio do Megane ou coisa que o valha, "é mesmo uma aventura"!

Eu já ando a fazer o aquecimento para essa montanha russa, mas não posso negar: a altura da queda e os loopings assustam-me. Nem é tanto o parto, os tornozelos inchados, as varizes, as estrias, os dentes fracos, a mudança hormonal, as águas, as dilatações e as contracções. É mesmo os filhos!
É que volta e meia dá-me aquela lanzeira de não querer fazer nada, em que respirar compassadamente já dá trabalho. Gosto muito de ter o meu espaço, o meu canto e o meu tempo só. Felizmente, sempre fui compreendida nesse aspecto. Não creio, porém, que as crianças sejam assim tão compreensivas!

Além do mais, acho que o André não conseguia aturar mais outra "criança" vaidosa e mimosa cá em casa. E, para já, a mim também não me apetece ter concorrência! :P

Le_M_do_Fit disse...

bahhh. Tomates pá! Ah e tal manifes, ah e tal paredes de tons que estimulam o Yin e o Yang, e ah e tal "the same old escuse", não vou ter tempo para mim, etc... temos tempo a mais para coisa nenhuma (e no fim da vida não fizemos cu). Do it! :)

Anónimo disse...

Aiiiiii! Pronto, eu confesso!
Tenho vertigens!!!!!!

Não me batas mais, que eu ainda sinto as mazelas de segunda feira!! :)

Anónimo disse...

boas... bem, eu dou mt mais atenção aos meus projectos do que aos meus cabelos (por acaso tenho que ir ao barbeiro mt em breve). Mas digo-te, miúda, quem lê o teu blog vê que os teus cabelos são lindos, mas a tua vida está mais ou menos em stand-by. como diz o le_m_do_fit: just do it!!! a vida n tem q ser uma prateleira cheia de caixinhas todas organizadinhas e com cores todas a dar umas com as outras, mas que depois estão vazias. arranjas coragem para fazer o que queres, respiras fundo... e lá vai disto. quando as coisa acalmarem, aí organizas o que há para organizar. Vê só: casei já vai fazer dois anos, hoje tenho um emprego que me permite ver a Wal todos os meses, em Junho vamos para o Brasil e vou finalmente conhecer os meus sogros :D É o que te digo: primeiro arranja-se o conteúdo das caixinhas, partindo paredes, quebrando cabeças, tudo só para teres o que queres; depois quando tens tudo o que querias, arranjas as caixinhas e vais ver que tudo se organiza com o tempo. O conteúdo das minhas futuras caixinhas vão ser a licenciatura da Waleska, filhotes (resmas!!!) e doutoramento. Depois logo se vê. Grande beijo.