15 abril 2009

Silêncio de si para si.

Eu sou uma pessoa do silêncio.
Tanto quanto sou uma mulher da cor!

Mete-me espécie os miúdos espernearem para ouvir música na aula, quando eu trabalho bem é no silêncio. Ninguém leve a mal, que eu adoro música. Mas sou uma pessoa tão analítica que gosto de me especializar nas tarefas. Se oiço música, não é para entreter, é para disfrutar a ouvir ou a dançar.

Na minha nova escola não há público-alvo para amizades, muito menos disponível para investimentos a fundo perdido, especialmente com o final do ano já à vista. Dedico-me por isso a disfrutar do silêncio que tanto preciso. Não tenho grandes conversas, nem almoços agendados com colegas. Tenho-me a mim e tenho de me aturar nos tempos livres.

Confirmei a teoria de que eu preciso do silêncio para me restabelecer, e o que qualquer pessoa pode classificar de solidão, para mim é só um espaço e tempo zen.
Estar em silêncio, para mim, é conseguir ouvir-me a pensar, e as parvoeiras que me passam pela cabeça conseguem fazer eco mesmo no meio de um centro comercial, na zona das comidas, em plena hora de ponta. Abstraio-me do burburinho e reflicto sobre mim, a minha vida, donde venho, para onde vou, o futuro, o passado... essas coisas fundamentais do dia-a-dia.

Quando me levanto, de barriga cheia e cabeça vazia, estou como nova. Pronta para atacar a segunda dose de aulas que me leva até ao final da jornada.
A solidão é uma condiçãopara muitos assustadora e, para mim, vital. Gosto de estar no meu canto, de me rever, de ter o meu tempo, e de dar tempo a mim própria. Na realidade, é um privilégio poder disfrutar de tempo de nós para nós. Já não chega ter de me dividir nas esferas da minha vida, como tenho de me dividir pelas pessoas da minha vida e nós acabamos por ficar inevitavelmente no fundo da lista das prioridades.

O silêncio é de ouro.
Talvez seja por isso que eu tenho a sensação permanente de estar a ser roubada...

2 comentários:

Luís (do mestrado) disse...

É tão difícil fazer silêncio nas nossas cabeças...Ainda bem que encontraste essa capacidade e esse prazer. Coisa que sempre apreciei em mim, apesar de reconhecer que, mesmo não sendo extrovertido, nem sempre tenho o silêncio de que preciso (e que é indispensável a todos; não tenho dúvidas sobre isto.

Sofia Ré disse...

Luís,

Do mestrado,
do silêncio,
da Filipa,
do Norte,
das observações certeiras,
da sabedoria,
da competência,
da aprimorada educação,
da digna humildade,
da honestidade em pessoa.

Luís, és muito mais do que do mestrado! :)