01 agosto 2006

Sou uma desnaturada...

Devia escrever. Escrever aqui no blog e no blog dos outros, porque eu sempre gostei de meter a foice em seara alheia, catrapiscar do prato dos outros, opinar mais do que devia e fazer com que haja mais qualquer coisa do que o silêncio para feedback das ideias dos outros.

Tenho estado metida comigo, parada, quieta. Vou para a praia e deixo-me estar na boa companhia de uma amiga do Norte, com uma pronúncia deliciosa que me faz melhor a dicção das palavras. Sempre tive esta mania incontrolável de apanhar as pronúncias e até os tiques dos outros.

Quando ia para os campos de férias é que era! O sotaque genuíno do Porto não falhava, pois havia sempre alguém destas bandas na minha equipa. Eu como um espelho, trazia-o para casa.

A faculdade de Belas-Artes deve ter a maior concentração gay por m2 (a seguir ao Trumps talvez) e até aí eu dava comigo a gesticular com a mesma graciosidade das bichas sempre que falava com elas. Não conseguia evitar, e era tão óbvio que eu temia que pensassem que estava a gozar com elas!!!

Isto para dizer que tenho estado na praia. De boa companhia. As meninas na praia, os machos a ganhar o pão! Fórmula pouco simpática, mas de momento a única possível para disfrutar das férias. Ao fim da tarde lá vinham eles (a escorrer de suor) ter connosco (a escorrer de água salgada) e tudo parecia bem. Sem obrigações, sem trabalho, sem chatices e com a única preocupação de tentar aguentar mais um banho nas águas gélidas da Arrábida.

Devia escrever. Já escrevi.
Mas devia escrever mais do que escrever sobre não o ter feito.

Devia responder convenientemente aos posts do Luís, do Diogo, da Cláudia, da Tânia...
Devia dizer-lhes o que penso.
Escrever não devia demorar tanto tempo como pensar.
Se tempo é dinheiro, pensar é mais barato.
Mas vale a pena gastar mais naquilo que nos dá prazer.

Um beijinho a todos de boa noite, que eu hoje estou mais para o pensativa e introspectiva e tudo o que me vai na alma parece ter o dom de me pôr a chorar. Melhor é não abrir as torneiras que eu ainda tenho muito trabalho pela noite dentro!

Força para todos os que trabalham contrariados!
Pensem que se está sol, ele queima; que se há água do mar, ela está gelada; que se há amigos de férias na praia, é porque têm uma guarda sol do vizinho espetado a 10cm do seu pé e ouvem de 5 em 5 minutos barbaridades como "Benardo, venha comer a sande!".

Agora é que é. Caramba, tá difícil de largar o teclado!
Xau

3 comentários:

Le_M_do_Fit disse...

Não trabalho contrariado (mt pelo contrário), mas por obrigação! E embora não pareça à primeira vista....é muito diferente. Estou no meu terceiro ano seguido sem férias (sim, practicamante 365 dias/ ano sempre a laborar) e a melhor maneira Sofia, de o enfrentar, não é pensar que o Sol queima e a água está gelada, mas sim aceitar, que nos dias que correm, eu sou um afortunado porque tenho trabalho, e mais afortunado ainda porque gosto do que faço. E que a partir do momento em que se assumem certos compromissos (casa, carro, família), a praia e tudo e tudo não interessa para nada. You´ll see.
Bjs

PS: Uma boa meninice sim! uma velhice descansada sim! o espaço que se situa entre uma fase e a outra deve ser de entrega, para proporcionar uma velhice descansada a quem nos proporcionou a meninice, e proporcionar a meninice despreocupada a quem (espero eu...) nos vai proporcionar uma boa velhice...

Anónimo disse...

Gostei muito de ler o seu comentário! :)

Ao contrário de si, eu estive a trabalhar contrariada, a fazer um relatório inútil sobre o meu desempenho neste ano lectivo.
Jantei, tomei um café e fiquei até às 5 da manhã a fazer aquela treta.

Gosto de dar aulas, mas o gosto não consegue evitar o desgaste que sinto no final do ano. Se não tivesse férias, acabava por ter atestado, pois nesta altura já nem consigo juntar duas palavras com sentido. Sinto-me senil antes do tempo.

Duas semanas de praia depois, já recuperei tudo. É quanto basta para voltar a sentir saudades dos miúdos, mesmo quando me tratam mal e mesmo sabendo que não gostam que eu seja tão rígida a marcar faltas de atraso. E pior... as minhas saudades podem não acabar em Setembro. Posso só ficar colocada lá para o final do ano e deste modo vou ter férias involuntárias, não remuneradas.
Concordo plenamente consigo: nos dias de hoje, quem trabalha é um afortunado, e quem gosta do seu trabalho é uma espécie em extinção.
O melhor mesmo é esquecer as férias e aproveitar a oportunidade! :)

Anónimo disse...

Venho aqui denunciar que a "BOA" companhia das belas tardes de Verão... sou EU... a rapariga do Norte, bem do Norte :)... mas que é bem que se diga: "fiquei fã do SUL..." onde se pode encontrar uma combinação inesquecível... de boa praia, bons ares, boa comida, boas noites e sempre em Grande Companhia!
Uma beijo do tamanho do Norte para a minha amiga Sofia ;)
Até Breve