11 junho 2007

A vergonha das vergonhas!!

Hoje vinha eu da minha (bem sucedida!!!) reunião de Direcção de Turma, depois de uma manhã recheada de... (à falta de melhor palavra) "assertividade", quando um fulano me abordou. Eu já estava dentro do carro, de porta aberta, ao telefone e o homem não hesitou em interromper-me. Não percebi muito bem o que estava a dizer, pois enrolava-se nas palavras, e cheguei mesmo a pensar que estava prestes a ser assaltada, mas o que o homem tinha era fome.

"Não como há dias, não me pode pagar o almoço?"

Naquela situação estúpida de ouvir o André do outro lado a perguntar se eu o estava a ouvir, completamente baralhada sem saber a quem atender, respondi:

"-Dê-me só um minuto que eu já lhe pago o almoço, pode ser?"

De repente, ena pá... porra!!! Não tenho dinheiro!!
Quando eu não tenho dinheiro é não ter mesmo nada. Já tinha saltado de uma reunião para a outra só com um pão de leite com fiambre e manteiga (sem um suminho), porque o dinheiro do cartão da escola não dava para mais e eu tinha-me esquecido de levantar dinheiro.

Volto outra vez:
"- Olhe, não tenho dinheiro nenhum quer ver?" Mostro-lhe o interior da minha carteira, acabada de tirar da mala, e deixei-o ver o panorama da minha tristeza.

Uma moeda de 1 cent., outra de 5 cent., um botão e o Santo Onofre.
Será que o botão no mercado negro renderá alguma coisa? Como pretendia eu pagar o almoço a alguém nestes termos? Só se fosse pago em preces!!!

O homem olhou desiludido para mim, com aquele ar do estilo: "xiii, ainda estás pior que eu", enquanto eu insistia:

"- Fique com os 6 cêntimos!"
Sim, claro, porque o botão e o Santo Onofre são valiosíssimos, oh Ana Sofia, por favor, poupa-me!!
Eu faço-me passar cada vergonha...

O homem olhou para mim, como se eu estivesse a importuná-lo e afastou-se sem dizer mais nada.
"Caramba, pensei eu, nem os pobres aceitam o que tenho para dar...!" É curiosa esta forma de orgulho, que contraria a ganância do espírito do "grão a grão enche a galinha o papo". Talvez seja uma forma de auto-preservação: "ou me pagas o almoço, ou também não quero andar a juntar".

Não percebi, mas achei que a cena era insólita o suficiente para não ficar perdida no esquecimento. Ainda para mais quando o Santo Onofre esteve directamente envolvido neste enredo, e tendo sido ele o principal causador de tudo isto.

Para quem não sabe, a figura do Santo Onofre deve andar sempre connosco na carteira "para que nunca nos falte o dinheiro". Tem ainda a particularidade de não poder ser adquirido por nós. Tem de ser outra pessoa a oferecer-nos, neste caso, foi a minha mãe.

E anda aqui uma pessoa, na maior parte das vezes com o Santo Onofre a tomar banho nas notas e moedas do meu porta-moedas, e ele, no dia de hoje, faz-me uma desfeita destas!!!!

Oh, valha-me Santo Onofre!!!

P.S. - Quanto ao botão... bom, eu sou supersticiosa, mas não tanto. É mesmo desleixo de o coser no meu casaco verde :)

3 comentários:

Wal Rufino disse...

No casaco verde??? Eu li isso direito!!!?
Já não basta a parede da sala, o sapo ....agora um casaco?
Sofia, se vc não fosse Portuguesa os Portugueses te inventariam.

beijos

Wal e João

Anónimo disse...

Pronto! É verde seco! Não é verde, verde!!

Beijinhos!!

Anónimo disse...

Os Bills Gates deste mundo também andam de bolsos e carteiras vazias, mas depois vai-se a ver e lá está o nome dos ditos cujos na Forbes...

Cá pra mim, isto não passa de uma manobra de despite: uns míseros cêntimos na carteira para desviar a atenção dos milhões de euros na conta bancária! Estou certa, não estou Sofia? :P

P.S.: a tua maior riqueza está na pessoa que és: generosa.

Beijinho