17 fevereiro 2009

That's a wrap!!

Não há palavras que descrevam a felicidade que sinto hoje!
Acabei o meu contrato e a infindável telenovela "Tirem-me deste filme!".

Tragédias, comédias, dramas (sim, dramas que eu apanhei tudo, desde colegas a funcionárias, até as senhoras da Secretaria lavadas em lágrimas!). Que cena!

Estranha esta escola em que tudo não corria como era esperado, em que tive de esgravatar pelos meus direitos consagrados em lei, e em que tive de ensinar funcionárias administrativas a lidar com os meandros dos decretos, dos contratos, das contagens de tempo de serviço. Oh, meu Deus! A mim pagam-me para ensinar alunos, não para ensinar pessoas a fazer o trabalho delas.

Mais uma resmunguice, mais um bate-pé de final de contrato e ainda saí de lá com o que queria (mais uma vez - a teimosia faz milagres!).

Deixo para trás uma escola a que me habituei, mas em relação à qual não consigo articular verbos com algum rasgo de afectividade. Fez-se, acabou-se, está despachada!

Como em tudo, há sempre as coisas boas, que mesmo sendo pequeninas não perdem a sua preciosidade. Hoje despedi-me da D. Maria das fotocópias, da D. Carla do bloco B (Quiiiiiinze!!!!, gritava ela à entrada do pavilhão para mandar entrar os alunos para a minha sala - B15). Deixaram-me a lágrima no olho, mas quão estranho, no entanto para mim óbvio, ser eu a desejar-lhes felicidades e um futuro prometedor.

Parece estranho, e para mim continua a ser óbvio, que uma professora que acaba um contrato, sai para o desemprego, não tem perspectivas nenhumas de trabalho, nem sequer uma candidatura pendente, esteja a distribuir por todos os que têm a vida de trabalho assegurada, desejos de boa sorte e felicidades.

Vá-se lá saber, saí de lá com aquele sorriso nos lábios... aquele sorriso estúpido que escarrapachamos na cara cada vez que nos acontece uma coisa boa e não conseguimos disfarçar.
Hoje estou a sorrir e sei que o próximo contrato que está à minha espera pode até ser um verdadeiro inferno, mas hoje estou a sorrir e hoje só me preocupo em tornar esse sorriso sincero.

Apagam-se as luzes, fecha-se a cortina. Faz-se o caminho em direcção a casa pela última vez. Não se guardam saudades de um tempo, de um sítio. Apenas experiências, pessoas e alunos. Vivências pontuais, que eu faço questão de exaltar para não se perderem nos enredos daquela escola.

Hoje estou feliz! Não me canso de o dizer.
Não tenho aulas para preparar, e tenho um sol lindo a especar para mim. As flores desabrocham nas árvores e eu sinto que tudo é um sinal de festejo por este dia.
Amanhã é outro dia, novas obrigações, deveres, horários a cumprir.
Mas hoje... deixem-me continuar a sonhar que o desemprego é ser feliz!

Sem comentários: