Ontem não tomei o comprimido.
O meu corpo fez-me o favor de se auto-anestesiar e fui para a primeira aula com aquela disposição de quem se levantou da mesa de operações, mas ainda está sob o efeito dos analgésicos.
Comando a mim própria vezes sem conta: "Tem calma, esfria a cabeça".
Ignoro-me na minha própria preocupação. Estou sempre distraída, sempre atenta a tudo, sempre com a cabeça a 100 à hora.
Tento não ver os ângulos do beco sem saída em que me meti. Mas os cantos apertados estão lá e eu sofro de muita claustrofobia.
Na tentativa de encontrar uma pista, uma segurança, uma tábua de salvação aqui me encontro eu: frente ao portátil, com telemóvel e telefone ao lado. Basta um toque e tudo muda. A minha vida vira do avesso. E estes intermináveis momentos que passo comigo, tentando amenizar o meu estado de espírito, extinguem-se sem contemplações.
Sou um cacho de uvas que tirou senha para a vindima. Estou a tentar entreter-me com as gavinhas e a folhagem, com o cheiro do Outono que já poisa no ar. Finjo que não sei que o meu destino é ser arrancada deste lugar, onde até me imagino ser feliz.
Arrancada e pisada, até ao último dos meus grumos.
Nem os cachos de uvas, nem eu, podemos sorrir perante aquilo que nos espera.
Contamos apenas com a Sorte, a Fé, a Esperança, tudo coisas sobre as quais não temos qualquer controlo.
Correm-se as listas dos horários, que este ano eu não tenho sequer listas de candidatos para ver. Espera-se encontrar o horário certo (the special one), que faz com que tudo se organize e pareça bem.
Abrem-se diariamente as páginas de diferentes horóscopos e lêem-se os vaticínios para cada dia. Nenhum deles me dá a resposta que eu quero ouvir, mas nem isso me faz deixar de os consultar religiosamente.
Se Deus tivesse uma linha telefónica de apoio ao cliente eu já a tinha entupido com chamadas.
Já tinha reclamado por tudo o que depende Dele e tudo o que depende de mim. Porque eu ando rezingona, de mal com a vida, como se tivesse razões para isso.
Ando de mal comigo e estou chateada por me sentir mal e ninguém me ajudar. Ninguém me dar uma mão. Ninguém conseguir com que eu faça aquilo que nem eu me consigo obrigar a fazer.
Pooooooooooooorrrrrrraaa!!!!!!
Apetece-me espernear no chão, como os putos que fazem birra!
Não melhora nada, mas alivia.
Tenho tanto para me perdoar, tanto para aceitar em mim.
Ano após ano, continuo sem compaixão por mim própria. Continuo exigente, preconceituosa e mesquinha.
E por isso não me perdoo.
E por isso me dói tanto.
Se o vinho este ano não for melhor que o ano passado, o problema não é das vindimas.
É mesmo a casta da uva.
O meu corpo fez-me o favor de se auto-anestesiar e fui para a primeira aula com aquela disposição de quem se levantou da mesa de operações, mas ainda está sob o efeito dos analgésicos.
Comando a mim própria vezes sem conta: "Tem calma, esfria a cabeça".
Ignoro-me na minha própria preocupação. Estou sempre distraída, sempre atenta a tudo, sempre com a cabeça a 100 à hora.
Tento não ver os ângulos do beco sem saída em que me meti. Mas os cantos apertados estão lá e eu sofro de muita claustrofobia.
Na tentativa de encontrar uma pista, uma segurança, uma tábua de salvação aqui me encontro eu: frente ao portátil, com telemóvel e telefone ao lado. Basta um toque e tudo muda. A minha vida vira do avesso. E estes intermináveis momentos que passo comigo, tentando amenizar o meu estado de espírito, extinguem-se sem contemplações.
Sou um cacho de uvas que tirou senha para a vindima. Estou a tentar entreter-me com as gavinhas e a folhagem, com o cheiro do Outono que já poisa no ar. Finjo que não sei que o meu destino é ser arrancada deste lugar, onde até me imagino ser feliz.
Arrancada e pisada, até ao último dos meus grumos.
Nem os cachos de uvas, nem eu, podemos sorrir perante aquilo que nos espera.
Contamos apenas com a Sorte, a Fé, a Esperança, tudo coisas sobre as quais não temos qualquer controlo.
Correm-se as listas dos horários, que este ano eu não tenho sequer listas de candidatos para ver. Espera-se encontrar o horário certo (the special one), que faz com que tudo se organize e pareça bem.
Abrem-se diariamente as páginas de diferentes horóscopos e lêem-se os vaticínios para cada dia. Nenhum deles me dá a resposta que eu quero ouvir, mas nem isso me faz deixar de os consultar religiosamente.
Se Deus tivesse uma linha telefónica de apoio ao cliente eu já a tinha entupido com chamadas.
Já tinha reclamado por tudo o que depende Dele e tudo o que depende de mim. Porque eu ando rezingona, de mal com a vida, como se tivesse razões para isso.
Ando de mal comigo e estou chateada por me sentir mal e ninguém me ajudar. Ninguém me dar uma mão. Ninguém conseguir com que eu faça aquilo que nem eu me consigo obrigar a fazer.
Pooooooooooooorrrrrrraaa!!!!!!
Apetece-me espernear no chão, como os putos que fazem birra!
Não melhora nada, mas alivia.
Tenho tanto para me perdoar, tanto para aceitar em mim.
Ano após ano, continuo sem compaixão por mim própria. Continuo exigente, preconceituosa e mesquinha.
E por isso não me perdoo.
E por isso me dói tanto.
Se o vinho este ano não for melhor que o ano passado, o problema não é das vindimas.
É mesmo a casta da uva.
1 comentário:
Olá.
Sofia, Deus não deixaria que houvesse um horário e uma escola para ti e que esse horário ou escola não viesse ao teu encontro. Deus não te faria uma coisa dessas. Aguarda. Eu confio n’Ele e julgo que tu também.
Não gosto que te diminuas ao dizeres que és preconceituosa e mesquinha. Vou, por isso, pedir emprestado o eufemismo ao Rui Veloso: tu tens um lado lunar. Como o de toda a gente, é oculto e sombrio. E tu não foges à regra. :)
Beijinhos
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