20 setembro 2009

Previsão para amanhã: tornado de grau V


Tem sido uma loucura.
A minha cabeça tem estado... possuída, com vida própria e determinada a fazer só asneiras.

A disposição é tudo menos animadora.
Neura muita.
Calma nenhuma.

Hoje é domingo. É um facto pouco aterrador para qualquer um dos mortais. E daí, nem tanto.

Hoje é domingo e eu tenho estado uma pilha de nervos. Telefonemas, encontros, convívios, tudo deixado em stand by. Quando estou assim, estou insuportável até para mim.
Choro, irrito-me com tudo, ofendo-me com tudo, choro de novo, e acho que sou uma amiba nos intervalos.

Decidi escrever, porque escrever arruma as ideias e, porra, eu tenho tudo em desordem.

O diagnóstico é simples: já entrei em depressão e ainda não comecei as aulas e nem Fevereiro assentou os arraiais. É preocupante...

Sou uma menina a quem faltam muitas respostas e já tem idade para não fazer figuras destas.
Olho em frente, para o que o futuro me reserva, e tremem-se-me joelhos. Sou assustadiça, sempre fui.

Tenho a sensação de estar numa praia e ver uma onda gigantesca no horizonte. Não dá para ficar calma, pois não?
Sinto que sou pequena demais para a enfrentar. Sinto que não tenho capacidade para o fazer. E estes sentimentos corroem o meu amor próprio e alimentam a minha depressão.
Lembro-me bem do diagnóstico de patologia psicológica: sempre que algo nos provoca uma angústia desmesurada e nos impede de fazer a nossa vida normal.

Já percebi que o que tenho é patológico.
Devia estar contente e entusiasmada. Estou devastada e receosa.
Devia ter energia e vontade. Estou apática e desmotivada.

Perdi-me.
Perdi-me algures nesta vida.
Perdi certezas e ambições.
Perdi o rumo, a orientação, a confiança.

Incrivelmente perdida, é como me sinto. E amanhã tenho um mestrado para começar. Novas aventuras, novos dilemas.
Mais ansiedade, mais comprimidos.

Perdi o gosto pelas coisas, a garra com que faço tudo.
Até estas linhas são escritas à força, porque não me apetece divagar sobre assuntos que me incomodam. Faço-o para tentar lidar com eles e ultrapassá-los, mas faço-o contrariada.
Faço tudo contrariada, porque quando se tem um tsunami no horizonte é preciso ter alguma estabilidade para poder encará-lo com o mínimo de ânimo.

Não tenho nada disso. E não há supermercado que venda uma caixinha de auto-confiança, um quilinho de vontade ou uma mão cheia de boa disposição.

Estou assim. E odeio saber que não consigo controlar esta condição.
Amanhã estarei com um comprimido no bucho, para não encharcar a roupa do primeiro dia. Não sei se vou aguentar sem entrar em pânico. Sem me encher de medos estúpidos e com isso me fechar ao mundo como um ouriço.

Não sei como vai ser, mas vai mesmo ter que ser.
Como as colheres de óleo de fígado de bacalhau que eu tomava quando era míuda, empurradas pela goela abaixo.
Sem quereres.
Sem prazeres.

2 comentários:

Cláudia Silva disse...

Olá, novamente.

Lembra-te, Sofia, que após o cataclismo emocional vem a bonança. Vais (re)começar o mestrado, projecto que tinhas deixado suspenso, é natural que, em virtude disto, te sintas ansiosa. Porém, não deixes que esta ansiedade te afaste dos teus objectivos académicos ou adube inseguranças. Acredita nos teus saberes, nas tuas destrezas, nas tuas competências. A retoma do mestrado foi uma ESCOLHA que TU fizeste em consciência, tomando, corajosamente, o curso da tua vida nas tuas mãos. Tens, dentro daquilo que é alcançável, a capacidade de ir gerindo, controlando e dirigindo os acontecimentos que forem sucedendo, até os inesperados. Aliás, penso que deves deixar mesmo um espaço ao imprevisível, pois, para além das mais valias em termos de conhecimentos e de formação – que terás como garantidos -, não sabes ainda o quanto de bom o mestrado te pode trazer: momentos inesquecíveis, coisas fascinantes ou pessoas incomparáveis.

Eu confio em ti e estou orgulhosa. Decidiste agir em prol de ti mesma. Eis uma extraordinária prova de inteligência e de amor por si.


Beijinhos

Sofia Ré disse...

Oi Cláudia.

Agradeço as tuas palavras, mas deixa-me só reposicioná-las.

O cataclismo emocional ainda está para vir. A onda ainda não chegou à praia.
O mestrado que eu deixei em suspenso ainda estou a acabar. Ou pelo menos, deveria.
Agora comecei outro diferente, que me vai dar a bendita profissionalização.
No meio disto tudo estou na calha para receber um horário que pode ser incompatível com a tese de um mestrado e/ou o horário curricular do outro.

Achei que era necessário situar um pouco mais o meu imbróglio, nem que seja para eu perceber que sou louca por prentender dar seguimento a tudo isto.

Beijinhos