25 setembro 2009

O fado do 31

Um, dois, três.
Expiro forte. Sem regra. Como se tivesse um balão de ar para expulsar de dentro de mim.
Forço-me a escrever, porque tem aliviado, e ainda agora são 11h00 e eu já estou com a ansiedade em pico.

Silêncio, que se vai cantar o fado.

Fado não é tristeza que se sente. É tristeza que se vive.
E eu, tenho vivido assim, triste comigo e, não nego, com os outros também. Pelas mesmíssimas razões: expectativas acima da média.

Gosto de acordar no meu dia de anos com aquela sensação de: "hoje o dia é MEU!!" São 364 os dias de espera que sobram, mas hoje sou eu o centro das atenções.
Perante esta perspectiva, salto da cama com uma vontade e entusiasmo incaracterísticos em mim. É que algo me dá sempre a certeza de que, por ser o meu dia, tudo vai ser bom!

Hoje não foi assim.
É 25 de Setembro, não me enganei.
Revirei-me nos lençóis e depois de muito rebuliço abri um olho ao dia mais feliz do meu ano. Não me pareceu assim tão feliz e voltei a dormitar para o outro lado.
A gastrite acordou-me ao mesmo tempo que o despertador me acordava para ir fazer análises. Não posso fazer horas de jejum, quando tenho o estômago mais sensível do que eu! Lá se vão as análises.

Tomo o pequeno-almoço no sofá, vejo as notícias do dia, percorro os programas eleitorais para saber em quem votar e acedo à aplicação da contratação de escola, como se fosse lá encontrar qualquer tipo de felicidade.
Nada.
O meu dia ainda não foi brilhante. Mas daí, eu também não ando brilhante.

Hoje tenho encontro marcado com o destino. E, curiosamente, não me dá vontade de cantar...
O fado quer-se triste. Só assim enxovalha o coração e o espírito. Só assim é bonito de ser cantado e chorado.
...
Meu Deus... Que disposição a minha para o meu dia de anos!

Conhecendo a minha pessoa (como eu já nem me reconheço!), estaria a esta hora a organizar carradas de preparativos para fazer uma festa. Eu adoro festas! Adoro juntar pessoas, fazer comezainas, rir, "comer e buer à parba"!

Dada a minha saúde física e emocional do momento, nada de mais desaconselhável.
Digo para mim própria que devo descansar, aliviar a cabeça de preocupações e tratar de mim.
Quero estar sossegadinha no meu canto.

Não queria passar ao lado da comemoração dos 31 anos, mas... se a saúde não permite, há que respeitar.

O sol brilha lá fora. Parece estar um dia bonito.
Eu tenho em mim o céu nublado, por vezes com ocorrência de aguaceiros.
Volta e meia cai um relâmpago, derivado do electromagnetismo do telemóvel e tudo fica em suspenso. Será um desejo de feliz aniversário ou a colocação numa escola?
Reparo agora, que não tenho mesmo condições atmosféricas para disfrutar deste dia em pleno.
Tenho de esperar que o vento forte varra toda a instabilidade do meu continente.
E até lá tenho de tomar atenção às precipitações e lidar com a depressão frontal que tem atingido o meu território nos últimos dias.

Para o dia mais feliz do ano, esta não é uma grande previsão, pois não?


1 comentário:

Anónimo disse...

Oi!
Estive um tempo sem os teus cochichos porque perdi-lhe o rasto.
Confesso que fiquei, no mínimo, pensativa sobre o teu estado de desânimo. Esse sector conheço-o bem... Eu sou o pessimismo em pessoa!
Tenho por experiência que as coisas não são nunca tão negras quanto parecem. Muitas vezes há males que vêem por bem.
Já uma vez te disse que adoro a tua escrita, mas fica a saber que deverias enveredar por essa ocupação mais a sério. Tens mesmo muito jeito e qualidade.
Obrigaga pelos comentários no hi5. Aquilo está tal e qual como quando o abri. Pensava entreter-me nas férias, mas só hoje lá entrei porque recebi no gmail a informação de que tinhas feito comentários.
Mantenho uma recordação muito boa de ti. Aliás, és uma pessoa excepcional. Não me esqueço de toda a amizade e ajuda que me deste.Foi pena o afastamento geográfico...
Percebi que ainda não foste colocada e fiquei espantada. Há de certeza uma grande injustiça!
Em breve deves ter a situação resolvida. Eu fiquei em Leiria, depoi de três anos em Mira de Aire.
Parabéns atrasados!
Pensamento positivo!
Da minha parte faço gosto em manter contacto contigo, mesmo sendo à distância.
Beijo Grande!
Maria José Caldeira