31 dezembro 2006

Projectos

Vai começar um novo ano e lá venho eu de papelinho e caneta fazer a listinha de coisas para fazer. A pessoa precisa destes momentos de paragem para reavaliar directivas e organizar, ou optimizar, o seu percurso.

A minha vida começa sempre em Setembro. Seja pela escola, ou pelo meu nascimento, é aí que faço os meus projectos. Acontece que das dúvidas existenciais que tive, surgiram coordenadas que já deixaram de ser aplicadas, e passados três meses é-me dada uma nova oportunidade para pôr tudo nos eixos.

Penso, por vezes, e erradamente, que o sucesso da minha vida está dependente de coisas insignificantes e materiais, que satisfazem as expectativas que os outros têm de mim, mas que no fundo não me realizam. E é difícil para nós tomar decisões que nos fazem sentir bem, mas que vão contra o que é socialmente aceitável ou esperado.

Passados mais uns rounds de luta interior decidi que este será (mais) um ano para:

1. Controlar a minha ansiedade, respirando fundo e lentamente, e visualizando o meu eu como uma fortaleza.
2. Aprender a ter (ainda) mais paciência para aceitar os erros, os outros nas suas diferenças e falhas, e eu própria em tudo o que me faz sentir uma pessoa pequena e insignificante. Acreditem que não é pouco!
3. Começar a disciplinar o meu trabalho a curto prazo, da mesma forma que estou disciplinada a longo prazo.
4. Gostar (ainda) mais de mim.
5. Aceitar que tudo à minha volta, eu incluída, tem limitações.
6. Render-me perante a evidência de que o sonho tem tráfego ilimitado e à borla.
7. Fazer de cada dia um projecto de vida.

Bom, com 365 projectos para programar e dar seguimento, o melhor é começar já.
...
Naahhh! Fico só mais umas horinhas a engonhar e lá para a meia noite é que começo!

Beijocas a todos e um excelente ano de 2007, com muita saúde e com todos os que gostam no vosso coração.
:)


Boas Festas!!


Para que não esqueçam que o objectivo do Natal é um só: PARAR.

Parar para ouvir, em vez de falar.

Parar para ver, em vez de olhar.
Parar para sentir, em vez de pensar.

Parar para decidir, em vez de hesitar.

Parar para sorrir, em vez de chorar.

Parar para aprender, em vez de ensinar.

Parar.

E contemplar.

E imaginar o que os invernos da vida podem trazer como frutos.


Sofia Ré


(inspirado pela árvore de Natal oficial da Arrábida: o Medronheiro)

18 dezembro 2006

Eu gosto é do... Outono!


Desapareço.
Como o sol nos dias que correm.
Não deixo rasto... não quero ser encontrada.

Eu gosto é do Outono.
Sempre o disse. O Outono é aquela altura do ano em que se prepara o Natal, em que chove, e as folhas coram de vergonha com a nudez das árvores.

Vivo o Outono como as miúdas pequenas: a saltitar de energia e a antecipar o dia de abrir as prendas. Mas eis que chega o Natal e tudo fica sombrio e triste.
Como se vivem dois meses de pura felicidade e entusiasmo para culminar num dia que, por si só, é triste?
Não me perguntem porque raio sempre achei o Natal triste. E nem vale a pena perguntar porque o acho mais triste este ano.

Desde que me lembro a Consoada cá de casa tinha sempre à mesa um bolo de anos. É estranho cantar os parabéns a seguir ao bacalhau com batatas, mas para mim essa sempre foi a rotina do Natal.
A minha avó fazia anos no dia 24 de Dezembro.
Raio de dia para fazer anos e para ter de me lembrar dela mais do que as habituais milhentas vezes ao dia!

Sinto a falta dela. Caramba! E já lá vai quase um ano.
Pensei que por ter reagido tão bem no início que as coisas seriam mais fáceis, mas quanto mais o tempo passa, mais me sinto permeável à tristeza e como ela consegue encharcar os meus olhos.

A falta é uma coisa que eu marco aos alunos todos os dias e todos os dias é uma coisa marcada em mim. Mas é quando ela se corporiza à minha frente que sinto a dor, como se me esfregassem na cara a pior das verdades.
A dor da falta não dói nada, mas o que dói é a sua materialização.
Nada dói mais do que ver um D de disciplinar associado ao nosso número de aluno no livro de ponto, ou um Reprovado a vermelho na pauta pela falta de estudo.
A ausência tem materialização. A ausência não é só uma não-presença, é uma reacção em cadeia. Tudo muda para nos rendermos à evidência, à prova material.

É aqui que o insconsciente esperneia e não há leite quente que o acalme.
Quando pego em 5 pratos para pôr a mesa e tenho de voltar a guardar um deles.
Quando, depois de ter todas as prendas compradas, percorro a lista das pessoas para descobrir quem é que me está sempre a faltar e deparar que me faltavam ainda as duas prendas habituais (de Natal e anos).

Todas as racionalizações possíveis, todas as terapias que faço comigo própria dão nó, tão ou mais cego que os erros do Windows.
Tudo por causa desta falta... injustificada.


P.S. - Se ainda há alguém que tem fé em que esta seja a minha última intervenção a desbobinar sobre a minha avó, então o melhor mesmo é começar a acreditar antes no Pai Natal e escrever-lhe uma cartinha para ver se eu mudo de assunto. Pode ser que vos calhe no sapatinho!

P.S.1 - Porque raio sinto necessidade de aligeirar os temas cinzentos e graves? Estratégia primária de sobrevivência, será?
Não me parece.

P.S.2 - É assim que se escreve uma carta ao Pai Natal e se pede uma Playstation 2 com subtileza. Eu por mim dispenso. Quem me tira o Solitário Spider, tira-me tudo!

26 novembro 2006

Ai Lurdinhas, Lurdinhas!...

Eu até sou uma pessoa relativamente pacífica, mas esta ministra desperta em mim os piores instintos assassinos.

Fala do que não sabe, não sabe o que fala, e opina (ou melhor, legisla) como se fosse dona da razão.

Sim, as escolas funcionam mal. Claro que o problema estás nos professores. Como corrigir esta trapalhada? Tratar do assunto cirurgicamente como se de uma operação de gestão se tratasse. Premeiam-se os melhores (que na realidade são sempre os que têm as cunhas), estreita-se o cano por onde passam e só la crème de la crème, ascenderá ao patamar da excelência da profissão.

Sim, que há por aí muito boa gente cheia de vontade para trabalhar, com muito mais garra, energia e frescura, que se dedicam 300% ao que fazem, mas que não valem nada. Se valessem alguma coisa tinham conseguido vaga. - Óbvio! Como é que nós ainda não tínhamos pensado nisto??

Melhorar condições físicas e recursos materiais da escola??
Naaaa! Isso só serve para gastar dinheiro!

Possibilitar acções de formação decentes e que realmente ajudem os professores a aprender, em vez de estarem a passar tempo?
Que nada! Eles são professores. Já sabem tudo. Dispensa para formação só para as iniciativas do Ministério, que isso é que eles devem estar atentos.

Apertar os calos aos miúdos e aos pais, para provar por A+B que quem não trabuca, não manduca?
Epá, isso é que não!!! Lá se ia a taxa de sucesso escolar! E mal ou bem, eles têm que completar o 9º ano!

Penalizar os verdadeiros vírus do sistema, aqueles que faltam sistematicamente por quererem estar no ginásio, sabendo toda a gente disso e ninguém fazendo nada?
Pá, meus amigos, toda a gente sabe que há maus professores em que não aparece uma só voz discordante para dizer o contrário. Mas já viram a trabalheira que dava à inspecção andar a catá-los? Nós estamos em época de contenção! Não temos pessoal para isso e temos de nos centrar naquilo que é importante: os alunos!

A ministra, nas suas certezas, esqueceu-se de um pequeno pormenor que muitos de nós, professores, já aprendemos.
Nada se faz contra as pessoas. Faz-se com elas.

Se eu não fosse credível na instituição de regras na minha sala de aula, os meus alunos nunca me respeitariam. Primeiro colocavam-me em causa e depois boicotavam o meu trabalho. Tão simples como isto. Porque há sempre maneira de escapar, e o português é perito no desenrascanço e especialmente a interpretar as entrelinhas da lei. Daí a contorná-la, vai um passinho.

Já me preocupei, muito.
Já entrei em ansiedade por ver a minha vida a andar para trás, porque sei que não tenho cunhas, e venha o que vier, só me trará injustiças.
Já entrei em pânico. Mas para quê?

Eu sei o que valho. Sei que se este estatuto alguma vez me prejudicar, será o próprio sistema o mais lesado. E estou-me a borrifar para a imodéstia destas palavras.
É o que sinto, e é o que me dá alento.
Gosto do que faço e este ano sinto-me tão realizada no meu trabalho, que tenho saudades dos miudos ao fim de semana. Passo a vida a pensar neles e no trabalho que vou fazer.
É a música do rádio que pode ser utlizada para trabalhar em formação cívica, é o vídeo que recebi por mail que tem tudo a ver com a notícia de anorexia que dei aos meus alunos para ilustrar.
Estou permanenente com eles. Trago-os sempre comigo. Dedico-me de alma e coração, e por erro de profissão, cuja confissão me custa a admitir, gosto deles. Tenho realmente carinho e afeição por estes miúdos e venho para casa cheiinha, cada vez que sei que fiz diferença na vida deles.

Sim, sra. ministra, porque o meu trabalho não é das nove às cinco e não é só lidar com papéis.
Os papéis não contam tragédias da sua vida, os papéis não precisam de reforço positivo, os papéis não choram, não riem, não chamam nomes, não saltam por cima das mesas, não se envolvem à pancada no intervalo, não deixam de usar óculos porque os pais não têm dinheiro para pagar os novos, não dizem que gostam da nossa camisola nova, não nos convidam entusiasmados para visitas de estudo com eles.
Os papéis são papéis.
Os alunos são páginas... da nossa vida.

Se a srª. ministra não compreende a diferença, então não percebo o que faz nesse lugar.
É caso para pôr em prática a frase que uma aluna minha escreveu numa cópia (supostamente!!) dos deveres do aluno:

"f) Respeitar as instruções do pessoal doente e não doente"

Mesmo contra vontade, é o que tenho feito.

30 outubro 2006

Errar é humano, saudável e desejável!

Errar é o que mais eu faço, e menos em mim tolero.
Vinte e oito aninhos de asneiras e ainda não aprendi a não me sentir um lixo cada vez que entendo não ter feito as coisas a 100%.

Sobem-me os calores à face, mudam-se-lhe as cores, coro por dentro e por fora e cai-me o imaginário balde de água, sempre gelada, pela cabeça abaixo! "Fizeste m****!" - digo de mim para mim.

A vergonha persegue-me com o cobertor do Linus, e da mesma forma, duvido se não será antes uma obsessão. Estas pegajosidades psíquicas não têm remédio senão contrariá-las com um enorme esforço de racionalização: a desgraça nunca é tão má e irreversível como parece; eu não sou a pessoa ingóbil que me faço crer que sou; e principalmente, as outras pessoas não me vão desconsiderar por completo e para sempre, nem organizar uma manifestação de censura à minha pessoa, ou cuspir-me na cara e incendiarem-me em plena praça pública, como se fazia às bruxas do antigamente!

Num espírito de democracia, tendemos a interiorizar que a maior parte das pessoas toma a mesma posição porque é essa a correcta. A maioria ganha em votos, não em certezas, e muito menos em verdades.

Hoje senti-me ignóbil por 5 minutos e depressa consultei o oráculo (o horóscopo do clix, o mais sintonizado que conheço); tomei a poção mágica (meio litro de água para acalmar) e conjurei o feitiço perfeito: "Errar é humano, saudável e desejável!" quer deveria ser repetido três vezes, ou tantas quantas fossem necessárias para eu acreditar.

Sou uma bruxinha de trazer por casa. Daquelas que falam em signos e a quem os alunos de seguida perguntam se sabe ler as mãos!! Oh, triste sorte!
Amanhã é o dia das Bruxas. E já que não sei ler nas mãos, o melhor mesmo é pôr aquelas alminhas a desenhar abóboras e cabeças de alho.

Como diz a minha mãe:
"Toma lá, que é democrático!"

A menina dos posts!

Sou Directora de Turma, o que mal comparado é tipo um serviço de apoio ao cliente, com a diferença de que eu não atendo ninguém a começar por "Ok Teleseguro, fala a Marta!".

A tralha de coisas para fazer é tanta... Perguntas no Executivo, dúvidas com os colegas, Fazer, Tirar fotocópia, Pedir, Confirmar, Entregar... eu sei lá. Tenho todo o tipo de verbos como entrada nos meus post its e quando eu sou Directora de Turma eles são, sem sombra de dúvida, os meus melhores amigos.

A capa do meu caderno diário é o quadro de afixações importantes. Decidi separá-los por duas colunas: assuntos a tratar com a turma (à direita) e assuntos a tratar extra-turma (à esquerda). A imagem que documenta a minha técnica até é das mais lights - hoje dei-lhes aulas e por isso já despachei um carradão de papelinhos.

Este tipo de organização funciona às mil maravilhas comigo. Eu sou daquelas pessoas que gastou dinheiro num pda e matou-se à procura de um programa de agenda que tivesse a função de cross out, para riscar as tarefas cumpridas. Até já defini no pda uma categoria de eventos que dizem respeito à direcção de turma e adivinhem de que cor é? Rosa clarinho, pois claro, que é a cor das mamãs galinha! :)

Curiosamente, com os miúdos isto também parece funcionar. Quando tenho de dar informações em aula, eles entusiasmam-se bastante sempre que arranco o post it do caderno e o amachuco ao som de um "neeeext!".

Os colegas na sala de professores já repararam e naquela sabedoria anciã comentaram comigo: " ohhh, tu fazes isso porque ainda és nova!"

Será que há limite de idade para se ser minimamente organizada e gostar de ver as coisas feitas?

19 outubro 2006

Papeladas...

Sou directora de turma, do 9ºC.
Levei um tempão para organizar o dossier da turma, recolher legislação, arquivar papelada... e hoje, quando finalmente o fui colocar na prateleira, com uma lombada muito apelativa, radiante por ter arrumado com as papeladas, logo a Coordenadora dos DT´s me colocou nas mãos mais uma resma de coisas: PCT, grelhas, projectos para aulas de acompanhamento, pedido de planificação destes projectos, formulários..... AaaaaaaaHHHHHHHHH!!!!

Estou a dar em doida!

É tudo novo: esquema, sistema, escola, colegas, maneiras de pensar, papeladas, organizações...
É como emigrar toda a santa vez que fico colocada!
Que sina!

Mas ando animada :)

17 outubro 2006

Os meus "pulguitas"!

O tempo é curto e o meu último post foi melancólico. E a tristeza deve aparecer pontualmente, como os raios na trovoada.

Para não correr o risco dela criar raízes, decidi apresentar-vos os meus "pulguitas". Os tais que me fizeram hesitar perante a compra de uma casa fora de Azeitão: "Então e os meus cães? Quando vejo os meus cães?"

De manhã, enquanto preparo o pequeno almoço, abro a porta da cozinha e logo vêm eles ter comigo, de rabinho a abanar. O Freddy está sempre deitado ao fundo das escadas e o mais que faz é levantar a cabeça na minha direcção e articular uma expressão de pura felicidade. A minha pulguita desvairada, a Sissi, é que ao ver-me entra em colapso total, mesmo que tenham decorrido apenas 5 minutos desde a última vez que me pôs os olhos em cima.

Eu é mais cães!

Adoro sentir o seu apoio incondicional, adoro sentir-me um ídolo para alguém, especialmente nos dias em que tenho a certeza que sou uma m****. Quando estou mal, o meu primeiro remédio é ir ter com os cães e ficar a fazer-lhes festas, a penteá-los, a tratar deles, para me aperceber que tenho controlo sobre alguma coisa, que tenho de estar bem psíquicamente porque aqueles dois seres precisam de mim.
São absolutame
nte lindos e como diz o afilhado da Cláudia: "Eu adoro deles!!" :)

O Freddy é um serra da estrela que me foi oferecido pelo André. A ninhada era de dois: ele ficou com o Júnior (que é só de nome!!) e eu com o Freddy. São os dois serras mais lindos que conheço (sim, eu sou uma dona babada!), embora um seja de pelo longo e escuro e o outro pelo curto e claro.
Nesta foto o Freddy tinha 4 meses, e mesmo com 2 meses já era difícil de carregar nos braços. Sempre foi enorme e muito mansinho. Quando dormiu as primeiras noites cá em casa, gania por ficar sozinho. A minha mãe levantava-se e cantava-lhe musiquinhas de embalar - sim, a minha mãe está com um desejo agudo de ser avó! Ele lá adormecia, mas quando acordava a meio da noite, saltava as barreiras que nós lhe púnhamos e ia dormir para onde encontrasse companhia.
Sempre foi um doce de cão!
Mesmo a pesar 52 kg, e conseguindo facilmente derrubar um adulto robusto, o Freddy teve sempre cuidado com a minha avó. Ela ia lá fora apanhar nêsperas, ou ver as plantinhas, e ele andava só à volta dela como que a tomar conta.

Mesmo quando pede festas a táctica dele é muito subtil: põe-se à nossa frente e barra-nos o caminho. Nem precisa de ganir ou pedinchar, é trigo limpo!

Entretanto, o Freddy cresceu. Vai fazer 10 anos em Dezembro próximo. Continua pachorrento e com o mesmo olhar dócil. Teimoso, faz tudo o que lhe mando mas no tempo dele. Aprendeu depressa a sentar, deitar e a dar a pata, e se eu tiver comida na mão é um pri
mor em educação.

Içá-lo para a marquesa do veterinário é sempre uma aventura, e passear com ele, nos dias de hoje, só de trenó!!! É muito vaidoso, porque se delicia comigo a penteá-lo, além de no fim desfilar todo presumido, com a sua camada de pêlo brilhante e sedoso.

Em 2003, arranjámos uma companhia para o Freddy. A Sissi era uma cadelinha abandonada, trazida na mochila pelos miúdos da escola que passam aqui à minha porta. Parecia-se estupidamente com um serra bebé, e vai daí não resistimos!
Hoje vejo que esta cadela podia ter morrido de fome, mas tem vivido como
uma imperatriz!
Vive feliz aqui e adora-me. E eu e a ela. :)

Tendo sido uma cadela abandonada apresentava alguns problemas emocionais e nervosos. Por exemplo, a forma de carinho que ela conhecia era morder, mesmo que de mansinho. Ao fim destes anos todos, é a única cadela que conheço que não sabe lamber o dono para o acarinhar. Com muita paciência, lá compreendeu a manifestar as suas emoções sem ser de uma forma agressiva.

Outro problema era a incontinência. Sempre que se entusiasmava por ver alguém, por me ver chegar a casa, escapavam-lhe umas pinguinhas de xixi. Pobrezinha! A emoção era demais!
Com o tempo também isto passou. O que não passou foi o facto de ela ser linda e muito fotogénica!
O Freddy também não resistiu.
Ela tinha energia pelos dois. Era um autêntico furacão Sissi!

O Freddy nunca teve ciúmes, recebeu-a como a melhor amiga dele e faz-lhe as vontadinhas todas. Deixa-a comer do prato dele, dá-lhe o lugar cimeiro das escadas para ela dormir, que é o seu posto de vigia, e brinca com ela até não poder mais.

A Sissi cresceu assim, mimada por todos. É uma princesinha, muito maria rapaz, que gosta de fazer travessuras, mas que não dispensa a sessão diária de mimos.
Talvez por isso a sua posição mais característica é de barriga para cima. Deita-se aos nossos pés à espera das festinhas, que nunca são demais. É uma oferecida! Mas apesar do que possa parecer a Sissi é uma cadela muito desconfiada! A padeira que o diga!!! Sempre que cá vem trazer o pão tem de levar com a fúria da bicha!

No fundo eu tenho muito em comum com esta cadela. Gostamos de mimos; quando não os temos pedinchamos muito; gostamos de fazer traquinices e sermos em seguida perdoadas; gostamos de chatear o próximo, por vezes até à exaustão; gostamos de festas na cabeça; gostamos de fazer birrinhas para ter o que queremos; gostamos de nos sentar/deitar em cima dos nossos companheiros (perto não chega!); odiamos a música da carrinha da Family Frost (com a diferença de que eu não uivo); e somos muiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiito curiosas!

Não se nota?
;)

08 outubro 2006

"Ciclames, filmes e coincidências" ou "As crónicas de quem cá fica"

Ciclames.
A minha avó adorava ciclames.

Vai uma pessoa ao cinema, ver um filme intitulado de World Trade Center, à espera de ver aviões a embater e prédios a cair, e dá consigo a fazer comparações sobre tragédias e dilemas da vida e da morte.

Quando a perspectiva da morte nos aparece no horizonte, a fé começa, de imediato, a brotar. Vai abaixo, com certeza, mas está lá, até ao dia em que a morte faz da fé um sentimento ridículo e descabido.

Todos os dias que visitei a minha avó no hospital, vinha pelo caminho a pensar: "Ela estava com melhor cara, estava mais animada, vai de certeza ultrapassar isto."
Para as mulheres dos polícias do WTC, a morte era um cenário posto de parte. Não se sabe onde eles estão, nem como estão, mas há uma certeza: estão vivos. E é assim que vão continuar.
Mas esta certeza depressa dá azo à contaminação do "e se?". E é aí que ataca a memória. Quando foi a última vez que trocámos o olhar? E, de repente, pensamos que podíamos ter feito tanto, sem que já nada houvesse para fazer.
A fé às vezes é uma recusa de aceitar o óbvio. Construímos um mundo de possibilidades para escapar à gadanha afiada, e é sempre difícil aceitar que ela nos colheu.

"Não pode ser!"
Foram estas as três palavras que saíram instintivamente da minha boca, perante a dolorosa notícia. Não pode ser.

Pode, pode. Já é.

A realidade prega-nos destas partidas.
Ainda estamos na fase "Xiiii, cum catano!" e já a ouvimos a zombar: "Vai buscar!"
Sem piedade.
Como se a vida fosse, na realidade, uma gigantesca piada.

Por falar em piada:
Vai uma pessoa ao cinema (sim, que eu tenho a mania de dar segundas oportunidades!), ver um filme para rir. Com este é seguro: não vou chorar nem entrar nas pieguices do costume.
Escusado será dizer que saí do filme "Click", com os olhos inchados. Uma autêntica vergonha cinéfila!

Mas ainda agora, não me consigo conter quando me recordo da parte em que ele, por algumas vezes, faz o pai repetir que o ama...
...
...
Quem me dera ter um comando destes...

A vida continua e sabe sempre bem ouvir o típico "God works in misterious ways".
Eu acredito em coincidências, eu acredito em Deus, eu acredito em signos, eu acredito em tudo o que faça da vida uma coisa menos crua. A vida, como ela é, não tem graça nenhuma. Eu simplesmente gosto de a pintar à minha moda.

Sabem que comprei a casa no dia dos Avós? Sabem que da janela do quarto vejo o muro do cemitério onde ela está sepultada? Sabem que estou mais próxima dela na minha casa nova do que na dos meus pais? Sabem que fiquei colocada na semana em que fiz anos? Sabem que a escola me obriga a fazer o caminho que fazia para ir ver a minha avó ao hospital?

Coincidências? Talvez.
Mas eu opto por acreditar que a minha avó me quer ao pé dela para tomar conta de mim. Que a colocação que me calhou (uma sorte absolutamente descomunal!) foi a minha prenda de anos. Que o caminho que faço é para não me esquecer dela.
Eu não esqueço. Eu dou comigo a lembrar-me dela todos os dias, seguramente mais do que uma vez.

Talvez seja por tudo isto, que vejo a minha avó tão presente na minha vida. Talvez seja por isso que sonho com ela viva, sempre.
Ela continua lá, aqui comigo.
A torcer por mim, a rezar por mim, a cuidar de mim.
A única coisa que mudou é que antes, para exercer o seu afamado poder de cunha com Deus, tinha de fazer uma chamada.
Agora é só bater à porta e falar directamente com o Patrão.

Ou pelo menos, é assim que eu gosto de acreditar.

02 outubro 2006

Pim.. calhou-me a mim!

O concurso de professores anda à roda como a lotaria nacional. Ficamos igualmente ansiosos por que nos calhe um prémio, todas as semanas. Até que na quinta-feira:
Pim... calhou-me a mim!


(Tentem dizer o seguinte com aquele pregão da lotaria)
ES-CO-LA de SAN-TO AN-DRÉ!
VIN-ti-DU-as-HO-ras!

- Santo André? - do outro lado do telefone a minha amiga Cláudia continuava com os pormenores do horário e eu só pensava: malas, viagem, alugar quarto, lá vou eu para a costa alentejana.
Espera! O mais que concorri foi Grândola... Santo André - Barreiro!!!
Fixe! Para ser tão pertinho de casa, ainda em Setembro é porque é no limite das minhas preferências: umas 12 horinhas....
- Completo, Sofia! - a voz da Cláudia soava como o despertador hoje de manhã: nem queria acreditar!

Hoje fui conhecer as "pestes". São bonzinhos, faladores, mas bonzinhos. Tenho uma direcção de Turma de 9º ano, que é só das "melhores" que se pode ter... com excepção do 12º. E o melhor de tudo é que estou à nora. Tenho de fazer todo o trabalho do DT no início do ano: inquéritos, tirar faltas, reunião com os encarregados de educação... não tem nada a ver com a direcção de turma que tive de 11º ano, em Portimão. Enfim, espera-me muito trabalho, mas eu gosto. O que custa mesmo é entrar no esquema, depois é segue, segue, segue, segue até encontrar o final do ano.

Os cachopos são espevitados, mas aqui que ninguém nos ouve, estão na idade!
Houve um no final da aula que veio ter comigo e perguntou:
- Que idade é que a stôra tem?
- Se me demonstrares a relevância dessa pergunta, eu respondo-te!
- Oh! Tem 33, não é?

Ai, ai. Eu ainda nem consigo dar bem a volta a língua, para dizer vinte e oito, e o rapazinho já me carrega com mais cinco!
A franqueza das crianças dá conta de mim...

28 setembro 2006

Corpo são, mente sã, ou para lá caminha!

Estou à espera.
Não estou colocada, nem deslocada, o que me faz ficar stressada e irritada.
Ainda ontem andei a desbaratinar em todos os sentidos (metralhadora verbal), pegando em qualquer coisa para reclamar e passando de tema em tema, sem intervalo.
O André, coitado, mal me conseguia perceber. Eu só reclamava de tudo e de todos, de seguida, non stop.

Sem mais ninguém para descarregar, decidi mandar um mail para o Ministério da Educação, a libertar a fúria, do estilo: "ainda estão a pensar publicar as listas esta semana?; "isto é um desrespeito total pelos professores" e "aguardo uma resposta que não seja automática".

Vejo a vida em stand by, com tudo o que isso implica, fazendo planos mais ou menos à semana, e conforme as ganas do ministério na publicitação de listas de colocação.

É aqui que vou estoirar as energias para a ginástica, e nada melhor do que um professor impiedoso, que puxa por nós até sentirmos o cabelo e as pontas das unhas dos pés a doer!!

A aula de flexibilidade da sexta-feira passada foi absolutamente fantástica. Levámos velas e incenso e até fizemos uma pinta na testa, como as indianas. Estávamos realmente esotéricas, prontas para receber as boas energias e as dores musculares consequentes.
O professor estava meio apreensivo, como se vê pela foto, mas assim que percebeu o nosso entusiasmo começou a malhar em nós sem piedade.



A foto em cima é da autoria do Mourinho do Fit, que conseguiu manter a exigência e rigor no trabalho com as alunas, sem descurar a composição da fotografia. Isto é que é coordenação estética!

Numa aula de flexibilidade como esta, a única coisa que não esticámos foi o cabelo. Até a pinta da Cláudia se esticou um bocadinho. Não há nada como levar o exercício ao extremo! ;)


Chegámos ao final recompensadas, e cheias de energia para enfrentar mais uma semana de ansiedade!!
É preciso muito exercício para não sentir dores, sempre que o ministério da educação nos estica a paciência...

26 setembro 2006

Brigadas!!!

Pela capacidade de terem produzido em mim um sorriso, venho aqui expressar o meu reconhecimento às seguintes pessoas:
(ordem alfabética):

Ana Fiúza
Ana Mana
André
Anocas Bombocas
Avó Teresa e Avô João (emprestados, mas com muito carinho!:))

Cristina
Fernanda
Filipa
João Lourenço
João&Wal
Luísa
Madrinha
Mãe
Marco
Margaret
Maria
Marta
Mourinho do Fit
Pai

"Professeuse" Cláudia
Rodrigo
Rui
Senhor da portaria do Hospor (hospital de Santiago)
Sogrinha
Sogrinho
Trevi


E os meus cães, que me fizeram uma festa, num desespero de guinchos de angústia por mimos. Claro que quase me rebolei com eles, e fiquei toda lambusada!

Se me esqueci de alguém foi pela hora, que já vai alta, mas assim que me lembrar edito o post. Não é por mal, nem por ter menos importância.
Beijocas a todos
:)))))

Para quem se esqueceu de me dar os parabéns, está sempre a tempo de me telefonar ou mandar mensagem ou mail. ;)

25 setembro 2006

Hoje sou bebé!!!!

Aos vinte e cinco dias do mês de Setembro de mil novecentos e setenta e oito, pelas dezanove e trinta, nasceu a menina Sofia.

Vinte e oito anos depois, estou na mesma.
Mais uns quilos (mais bem distribuídos do que na foto!), mais umas rugas, mais 3 cabelos brancos, mais coisa, menos coisa.

O Sol está na mesma posição do dia em que nasci, e para mim, em termos astrológicos, e mesmo emocionais, hoje é um novo começo.

Tenho andado para o deprimido, em reavaliação de directivas. Umas lagrimitas e umas birrinhas depois, cheguei à conclusão de que vou dar ouvidos ao António Variações, na voz dos Humanos:

Muda de vida
Se tu não vives satisfeito
Muda de vida
Estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida
Não deves viver contrafeito
Muda de vida
Se há vida em ti a latejar
(...)
Olha que a vida não,
Não é nem deve ser
Como um castigo que
Tu terás que viver

Hoje posso mudar, posso nascer, posso começar tudo de novo, começar tudo diferente. Nem que esse começo seja apenas ver as coisas de outro modo.
Estarei a precisar de óculos?
É natural, é da idade!
:)


21 setembro 2006

Estou condenada: sou oficialmente uma Maria Portuguesa!

Com a aproximação do meu dia de anos, começo a fervilhar: que prenda irei oferecer a mim própria?

Dado que o meu leitor de mp3 se avariou em Junho (não consigo inserir nem retirar dados, mas consigo ouvir as músicas que lá meti), já tinha decidido que nos meus anos teria um novinho em folha, oferecido pela minha pessoa.

Mas eis que dou com o presente perfeito, brilhando no expositor como a luz ao fundo do túnel. Uma prancha maravilhosa, de linhas suaves, robusta sem ser demasiando pesada. Uma beleza! Já me estou a imaginar com ela, a passar bons momentos ao final de um dia cansativo de trabalho!

Vai daí fui contar ao André:
"- Oh André, sabes, eu tinha pensado oferecer-me um mp3 nos meus anos, mas sabes o que é que eu queria mesmo, mesmo, mesmo?
- O quê?
- Uma tábua de passar a ferro!!! :)
-???? Em vez do mp3?????
- Sim, estive a vê-las e acho que não consigo resistir!
- Tu, pelos anos, vais comprar uma tábua de passar a ferro? Oh mulher, compra! Se é isso que te faz feliz!"
Há construções frásicas que saem da boca dos homens que são divinais, e esta é uma delas!! ;)

Para não cair no ridículo total, pedi ao André para ele me oferecer uma fitball.
Maria Portuguesa sim, mas moderna e ginasticada!


P.S. - Estou mesmo a ver que o meu Mourinho do Fitness vai ler isto, e vai-se já pôr a inventar exercícios com a bola e a tábua de passar a ferro, para depois dizer: "Podem fazer isto em casa!" Desta cabecinha diabólica, eu espero tudo!!

19 setembro 2006

Sou uma flor de estufa!

Passam-se os dias, e eu tento encontrar nas parvoeiras da ministra da educação algum motivo que me faça sorrir, por ainda NÃO estar colocada.

Curiosa, a ironia do destino... Nunca fui para a rua como aluna, e é agora, como professora, que sou sempre corrida a 31 de Agosto, como os meninos mal comportados.
Que terei feito de mal?
Não consigo evitar o período de reflexão. As férias criam a distância própria para analisar as coisas e, por alturas de Setembro, ponho-me a pensar no que fiz, no que quero, e no que farei no futuro.
Chego à conclusão que estou feliz, por estar em casa. Nem queiram vocês saber das razões, porque são das mais deprimentes. Mas eu conto à mesma.

Em casa sinto-me protegida. Sinto que controlo o quê, o quem, o quando e o se me faz mal. Nas lições da vida eu ainda não aprendi aquela fulcral do: "Não deixes que tudo de afecte!" Devo ter estado na conversa ou esqueci-me de passá-la do quadro.
Em casa não tenho ninguém que critique o meu trabalho, só porque não se quer dar ao trabalho de fazer o mesmo.
Em casa não oiço bocas estúpidas acerca da maneira de vestir, dos hábitos e dos tiques dos outros colegas. Já lá dizia: nas costas dos outros vemos as nossas.
Em casa não faço coisas às quais me oponho em consciência.
Em casa não oiço meninos imaturos e mimados a criticar o meu trabalho, as minhas notas, e as faltas que marco.
Não tenho saudades... nem sequer me lembro dos dias em que vinha feliz para casa por ter visto um aluno evoluir, crescer, sorrir, conseguir o seu objectivo.
Desmoralizo com facilidade, é verdade, e por isso digo que sou uma flor de estufa. Deixo-me levar demasiado pelas condições exteriores e acabo por ter de ficar enclausurada em casa para estar de boa saúde.
Nunca vi cicatrizes da alegria. As coisas más é que deixam marcas, e com o tempo parece que só a tristeza perdura.
A docência obriga a valorizar o mais ínfimo dos pormenores para abafar a avalanche de podridão a que consegue chegar o estado da educação. É claro que não é fácil, e é claro que muitas vezes não o consigo fazer. Mas é a única maneira de conseguirmos lidar com isto.

O mais fácil é mesmo desligar, esquecer que em tempos o fizemos por prazer, porque agora é mesmo só pelo dinheiro.

Serei professora ou prostituta?

Calmamente, vou trilhando um caminho no meio do espinhos, por entre aquilo que o ministério manda e por aquilo que deve ser feito. Decidi cumprir todas as directivas do ministério, excepto aquelas que colidam com o interesse do aluno. Atenção, que o interesse do aluno não corresponde aos seus desejos num determinado momento, mas àquilo que o vai fazer-se tornar uma pessoa melhor e mais bem preparada para o mundo. Esteja ele preparado para compreender isso agora, ou não. No fundo a legislação até concorda comigo, mas a prática demonstra que não. As pessoas conseguem ler muito nas entrelinhas de um texto e já vi reuniões de conselho disciplinar tirarem conclusões opostas acerca da interepretação da legislação. Prevaleceu, como é óbvio, a interpretação mais branda. Para não variar.

Será, porventura, muita presunção da minha parte saber o que é bom para o interesse do aluno?
Claro que é. Nem sequer sou mãe.
Mas sei o que não é bom.

Passar a mensagem de que a vida é fácil e não é preciso esforço para atingir os objectivos; de que se falharmos uma vez haverá sempre outra para remediar, mesmo que esta não esteja consagrada na lei; de que a exigência é uma das causas do insucesso (e não o contrário); de que os professores são os substitutos quase a tempo inteiro dos pais, só vai redundar num resultado: o fracasso total.

Estas crianças são aduladas pelo sistema educativo, que tudo lhes permite e releva. Elas não estão habituadas a ouvir um não. Não estão habituadas a ter de dar a volta por cima, depois do falhanço, porque quase não há falhanço. As crianças que pensam que vão chumbar com sete níveis inferiores a três são parvas, porque já toda a gente sabe que se andar o ano todo a parvejar, mas demonstrar interesse e empenho no terceiro período a criancinha passa, porque se esforçou. Qualquer ser humano, com dois dedos de testa (o mesmo de qualquer símio) sabe encontrar estratégias de sobreviência. Só tem é de perceber como a coisa funciona e a partir daí é tirar partido dela. Como acham que se inventou o fogo? Já toda a gente percebeu como o esquema funciona e eu própria acabo por ter pena dos alunos que até se esforçaram no final e por isso lá lhes vou dando a positiva, esquecendo tudo o que está para trás, como manda a Lei.
Eu estou a contribuir para perpetuar este sistema, esta cultura do "quanto menos, melhor". E se quiser ir contra ele tenho uma plateia de professores a censurarem-me e atirarem-me ovos e tomates podres. "Como podes ser tão insensível?"
Pois... eu sou muito insensível, mas de vez em quando devíamos dar a entender às crianças de que as suas acções têm repercussões. De que são avaliadas num todo, para o bem e para o mal. De que têm de ter cuidado com o que dizem e o que fazem, porque isso vai afectar o seu futuro, quando não afecta também a vida dos outros.
...
Enfim.
A minha consciência começa a dar nó.
Não sei como resolver o dilema.
Fazer o que sinto estar certo, mesmo que seja contra o sistema? Ou cumprir as directivas e expectativas e odiar-me por isso?
Humm...

Às vezes gostava de ser jardineira, ou pastora.
O trabalho é solitário, faz-se com amor e até hoje ainda não vi nenhuma ovelha ou flor a reclamar.

14 setembro 2006

Tosga dos 12 anos!

Que vergonha!
Jantar dos 12 anos de namoro e vá de beber até ficar mais contente e tonta que as crianças no carrocel.
Não bebi muito, nem sequer deu para acabarmos o jarro, mas eu, pronto, sobe-me logo à cabeça...

12 anos.
Uma dúziazinha.
Ainda me lembro de termos feito um mês de namoro e eu lhe perguntar: Será que é para durar?
LOL
Foi para durar, tipo duracell.
Nas risadas, nos choros, nas desgraças, nas ansiedades, nos sucessos, nas conquistas, na alegria, e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte nos sepa... Eh lá!!!! Onde é que eu já ia!!!
Em tudo isto estivemos juntos. Fomos o amparo, o incentivo, a compreensão, a alma gémea um do outro.
E se houve discussões, zangas, amuos, bate pés, que os houve, e em grande quantidade, ou não fosse eu uma rapariguinha a favor da verbalização do problema, foi simplesmente para podermos fazer as pazes, e voltarmos a sorrir em uníssono. Entre outras coisas. ;)
Beijocas

Comentário da foto: Atrás de uma grande mulher, está sempre um grande homem! :)

13 setembro 2006

Declaração de Dúvidas!

Consulta médica.
Raio X ao tórax.
Repartição de Finanças.
Um dia bem encaminhado

A sensação de que a minha vida é um programa de televisão percorreu-me o dia todo.
De manhã foi o antigo "é incrível, é mesmo do outro mundo", com a saga da Sr.ª A Mim Não Me Põem a Lavar o Chão - a protagonista principal de uma telenovela que conta a história de uma médica que cura toda a gente, mas que não se consegue curar da própria parvoíce.

Daí passei para o raio X ao Tórax que foi um mix entre o "Ponto de Encontro", isto é, uma oportunidade para rever uma ex-aluna e amiga, e o "Minuto verde": Rápido, eficiente e siga!

Agora o giro giro, foi estar ao vivo no Gato Fedorento - na repartição de Finanças, óbvio.
No balcão para pedir a isenção do IMI, pergunto ao senhor se a papelada do modelo 1 está bem preenchida. Note-se que se este impresso fosse em braille, eu sempre tinha tido a ajuda do tacto. Senti-me como um aluno do 9º a olhar para os exames nacionais do final do ciclo.
- Está tudo bem. Mas a srª e o sr. André não são casados, portanto tem de ir ali à tesouraria comprar o anexo 1 e preencher também.
- Ah, ok. Modelo 1 mais anexo 1.
- São os dois trabalhadores por conta de outrem?
- Sim.
- Nunca se colectaram como trabalhores por conta própria?
- Eu já. Durante um ano, como artista plástica. Mas mantive sempre a actividade por conta de outrem.
- Isso não quer dizer nada.
- Mas eu neste momento só trabalho por conta de outrem.
- Pois, mas tem de entregar aqui uma declaração em como não tem dívidas na segurança social. Vai à segurança social e pede lá isso.
- Ah.. Declaração. Dívidas.
- Pois, mas eles lá vão-lhe pedir uma declaração aqui das finanças em como cessou a actividade. Por isso vá ali à tesouraria pedir isso.
- Ok, obrigada.

(Na tesouraria:)
- Eu queria pedir uma declaração... olhe, não sei pró quê! É qualquer coisa do IMI, que tenho depois de ir à segurança social e eles lá pedem-me um papel. É esse papel que eu quero.
- 2º andar.

(Fixe, mudo de balcão e agora já estou noutro andar.)
-Eu vinha pedir uma declaração de dívidas ou que raio é. É para o IMI, tá a ver? Olhe já nem sei o que quero. É o que pedem na segurança social.
- Ah, sim: vá à tesouraria, 1º andar.
-??? No balcão mandaram-me para a tesouraria, da tesouraria para aqui, e agora está de novo a mandar-me para a tesouraria???
- Desça comigo, vamos lá ver isso.

(1º andar)
O amável senhor do 2º andar intervém junto de uma colega, que me atende prontamente:
- Diga.
- Olhe, eu queria uma declaração de "dúvidas" para entregar na segurança social. Dúvidas, não. Dívidas!

(alguém naquela repartição devia ter gritado "Manda vir quatro!!" junto com o meu pedido!)

Sou reenviada para a tesouraria, onde o homem sorridente me recebe como se nada fosse.

- Ah, então é preencher este papel.
- Ok. E quanto é?
- Quanto é o quê?
- O papel.
- Qual papel?
- Este papel!
- Então mas a senhora quer ficar com ele?
- Sim.
- Mas não é esse papel. A declaração é outro, esse é o requerimento.

(Boa, já nem distingo um requerimento de uma declaração. Esta gente dá comigo em maluca!)

Tirem-me daqui!!!!!
O "Big Brother" não ouviu as minhas preces. Como castigo por ter passado o dia a dizer mal dos médicos, mandou-me para a Loja do Cidadão, onde não só há o serviço de finanças, como também a famosa Segurança Social. É só fartura!
Mais meia dúzia de impressos, e está tudo resolvido. Nem consigo perceber o que lá está escrito. Faço a promessa de vir para casa decifrar. Parecem receitas médicas, bulas de medicamentos, mas com a diferença que só nos põem ainda mais doentes.

Será para os "Apanhados"?
Não me parece.

Telefona o senhor dos sofás: entrega na quinta feira, à tarde. E eu que ainda não acabei as pinturas e ainda me falta lavar a sala de cima a baixo...
Definitivamente, e sem sombra de dúvida, sou uma dona de casa... desesperada.



A classe médica: a importância de ser estúpido sem olhar a quem!

Médica de família reclama de ter de passar atestados para a prática de ginástica, alegando que os ginásios devem estabelecer acordos com os médicos para o efeito.
- Ora diga lá, doutora, o que pensa disto?
- "Nós não somos criados de ninguém para andarmos a fazer o que os ginásios entendem"!
- Oh doutora, sabe que faz parte da legislação, não é um capricho dos ginásios.
- "Mas eles que façam acordos. Os meus colegas aqui no posto não passam declarações nenhumas. Eu vou passando porque enfim (justificação divinal!!).
- Mas doutora, os médicos de família são as pessoas mais adequadas para passar estas declarações, porque são quem conhece melhor os doentes.
- "Mas isto assim não pode ser! Se fazemos tudo o que eles querem, qualquer dia põem-me a lavar o chão!"

Parece mentira, mas o que está entre aspas é verdade!

Lavar o chão...
Porra! Eu já varro a sala de aula. Já não me falta muito!
Esta classe dos médicos é tão privilegiada que nem se apercebe do ridículo em que chega a cair.
Aos professores deram a guarda de criancinhas nos tempos de furo, tipo amas. Querem mais enxovalhamento na profissão?
Eu aqui em pânico com o rumo da docência em Portugal, a lutar por coisas tão simples como ter possibilidade de dar aulas aos meus alunos, em vez de preencher buracos como a pastilha elástica; ensinar em vez de mandar calar; ser professora em vez de ser palhaça.
E aquela mulherzinha, com aquela conversa...
Chão para ti? Bom demais.
Hás-de lavar sanitas.
Entupidas!

09 setembro 2006

The break-up

Quem me viu hoje a sorrir, de cabelo a voar ao sabor do "vento de janela aberta no carro", a cantarolar todo o tipo de músicas de verão, a esvoaçar nas ondas da écharpe e da saia, e ainda que a entrar e sair de serviços públicos (tipo finanças e conservatória do registo predial) debaixo do calor tórrido do ainda Verão, decerto se apercebeu que hoje, para mim, o dia foi feliz!

Há relações que não foram feitas para durar: as partes não se respeitam, há sempre abusos, nem que sejam dos verbais, e a pessoa chega um dia à conclusão de que o melhor é partir para outra.

Assim fiz. Hoje peguei nas minhas tralhas, nas pequenas coisas que se vão acumulando com o tempo e saí fora. Deixei as chaves e os remorsos. Já devia ter feito isto há muito tempo, mas a pessoa parece sempre não querer aceitar o óbvio.

Não me lembro de ter sido acolhida como um membro da família, embora guarde na memória algumas pessoas que sempre me falaram com um sorriso.
A vida é mesmo assim.

Medo? Não, não tenho medo. Há mais peixe no mar e eu sempre fui boa marinheira - verdade seja dita!
Na realidade, o que sinto é curiosidade. Defeitos toda a gente tem, mas pelo menos mudam-se as vistas. E já dizia o ditado: longe da vista, longe do coração.

Acabámos.
Até podemos voltar, um dia mais tarde, mas por enquanto é definitivo (já viram melhor definição de provisório?).
Acabar só significa que há um novo começo à minha espera. E ele que venha!
Os momentos felizes guardo-os comigo, e foram muitos. Mas não nego que há recordações e experiências que preferia não ter vivido.

Vida de professora é difícil. É sempre esta instabilidade do começa-acaba, começa-acaba.
Só queria "casar" com uma escola boa, de uma vez por todas, e vivermos felizes para sempre!

Super-hiper-mega cor de rosa?
Talvez.
Mas já que sou balança, torço pela Cinderela e acredito no Pai Natal, deixem-me sonhar em grande!

;)

P.S. - Para quem duvidou, aqui fica um facto a reter: se tudo correr bem até lá, na próxima quarta feira (dia 13) eu e o André fazemos 12 anos (leram bem!) de namoro (à falta de outra palavra mais adequada!). Os meus pais já perguntam, preocupados, se eu pretendo festejar o décimo quinto aniversário, e encorajam-me sempre a apanhar os bouquets nos casamentos. Apesar da ginástica que eu faço, ainda não consegui ser ágil o suficiente para catar o ramo às outras concorrentes. Da próxima levo uns ténis na pochete!



04 setembro 2006

O orgasmo da decoração de interiores I

Já tenho a parede do hall de entrada pintada.
Não é branca.
Não é novidade.

Ando a fazer uma produção fotográfica para colocar aqui no blog.
Os cenários ganham vida quando são explorados por personagens. E aquela cor merece cuidado, carinho e respeito.
Não pode ser uma foto instantânea. Tem de exalar luxo, profundidade, calor e até sedução.
Eu podia ser subtil, mas não me apetece. A tendência barroca está de volta e eu quero é excesso.
Me aguardem, isto são só os preliminares!



01 setembro 2006

1 de Setembro...

É um de Setembro.
Se estivesse colocada, teria de me apresentar hoje.
Não estou.
E não tenho pena.

Setembro é o meu mês, e para mim, é sempre um começo. A começar por fazer anos nesta altura do ano e não escapar às inevitáveis retrospectivas. O que correu bem, o que correu mal, o que fazer do futuro, como compreender o passado, o que aprendi, o que ensinei, o que valeu a pena, o que não volto a fazer...
Andei um pouco à nora nestes dias. Não nego que ainda estou. Perco demasiado tempo a projectar a minha vida e entro em pânico quando alguma coisa (como não estar colocada) me impede de o fazer.
Não sei onde vou parar, não sei por quanto tempo, não sei com que horário. Como posso projectar seja o que for sem estas premissas? Nem a ginástica posso pagar com avanço de seis meses (para o desconto, claro!), porque nem sequer tenho a certeza de que vou poder frequentá-la.

É Setembro. Começa o vendaval, que por vezes se transforma em tornado e me arranca de casa. Tento viver esta vida de instabilidade com alguma aceitação, mas a única coisa que vai crescendo ao longo dos anos é a revolta.
Hoje estou oficialmente no desemprego e tenciono viver esta condição em grande. Nada de desesperar por uma colocação, nada de ficar ansiosa por não estar colocada. Simplesmente aproveitar aquilo que são férias forçadas. O meu primeiro desemprego, depois de estar um ano colocada, foi um martírio. Vivi em ansiedade durante dois meses e meio, à espera de ser colocada todas as semanas. É desgastante e, por isso, jurei para nunca mais.

O meu objectivo é tornar o meu dia proveitoso, um atrás do outro. Assim, quando olhar para trás, até vai parecer que este foi um período bom da minha vida.
Se esquecer que não ganho ordenado, até é.

24 agosto 2006

Novas da casa II

Ora depois da onda blues que varreu o meu blog, aqui estou eu com boas notícias. Passei o dia todo nesta empreitada só para ver mais uma divisão acabada. Desta vez é o escritório.

Andei a cozinhar esta designação e não me consigo imaginar a pintar, desenhar ou até amassar barro numa coisa chamada escritório. Em minha casa tenho o atelier, mas para o André isto é obviamente muito abichanado para local de trabalho. Nunca lhe perguntei, mas também não o imagino a instalar e desinstalar versões de Linux num atelier.
Temos então um problema: além de arranjar uma decoração que sirva a função deste quarto e o gosto dos utilizadores, há que arranjar um nome também.

Não foi preciso procurar muito para baptizar este espaço de Estúdio.
Segundo a wikipedia:
Um estúdio é o lugar de trabalho de pessoas com vontade de criar e onde se pode experimentar, manipular e produzir um ou mais tipos de arte.
A etimologia da palavra "estúdio" deriva da palavra do Latim studere que pode ser traduzido como a "ânsia de conseguir algo".

É isto mesmo!

Como podem ver as cores foram cuidadosamente escolhidas para potenciar a actividade e criatividade. O laranja abóbora e amarelo areia imprimem neste quarto uma energia muito particular, com umas vibrações cromáticas poderosas.
O verdadeiro red bull da decoração!

Próxima edição:
O hall de entrada - como sair e ser recebido em casa, com energia e motivação.

20 agosto 2006

The show must go on...

Sinto-me apagável.
Como uma vela ao vento.

A minha censura tem reprimido este tema no blog mas, mesmo sabendo que isto não é um diário, não o vou apagar, como o faço no meu dia-a-dia.

Apagar é um verbo bom para explorar o que se passa comigo.

Sentir-me apagável, é muito diferente de me sentir a apagar. Sinto que os ventos que sopram podem deturpar a minha chama, e quase deitá-la por terra, mas sei que ainda não a conseguem extinguir.
É desgastante manter a chama e, vendo bem, foi assim que me senti durante todo o ano: a tentar manter uma luz constante, que foi sendo derrubada pelos acontecimentos e pelas pessoas.
Da minha vida apagaram-se muitas coisas: o mestrado, os amigos e a avó (em grau crescente de importância).

O mestrado apagou-se como uma luz que se desliga ao deitar. Não fazia mais sentido.

Os amigos apagaram-se, porque é nas piores alturas que vemos com quem contamos. Custou-me a desilusão, mas também a vista se habitua à escuridão.

A avó apagou-se...e nem o eufemismo consegue aliviar a onda de emoções.
Estas luzes são difíceis de apagar. São as luzes fortes que mantêm um eco na retina mesmo depois de apagadas.
Há pessoas que vivem o luto vestidas de preto para que todos os dias não se esqueçam de quem perderam. Eu visto rosa choc, verde lima, branco e vermelho e não há dia que não me lembre. Não porque queira, não porque faça força para isso, mas porque vejo a ausência/presença da minha avó em tudo. Aceitei perdê-la como pessoa ou familiar, mas não aceitei perder o que ela representava para mim.
Pensei que não chorando muito a seguir à sua morte era sinal de que tinha ultrapassado bem a coisa. Mal sabia eu: a morte não se ultrapassa. Paradoxalmente, a morte vive-se.
Eternamente.

Esta não foi a primeira vez que trouxe este assunto incómodo à baila. Não vai ser decerto a última. O blog fica mais triste, mas ainda assim um reflexo mais preciso de mim.
Ninguém quer ler coisas tristes, porque a tristeza pega-se. Ainda assim eu gosto de pegar na tristeza dos outros para compreender melhor a minha.

Vejo este blog como um programa de televisão, em que só passam coisas lights e divertidas. Volta meia troco as voltas à antena. Perde-se na audiência, eu sei, mas como tenho o blog licenciado como autobiográfico e narcisista, não pago coima!
Por isso, tá-se bem!
Siga a emissão!

P.S. - Já que hoje estou um pouco mórbida, e quando me dá para aqui é a valer, quando eu morrer, haja uma alminha que se lembre de me pôr na lápide a seguinte inscrição:
"Até ao próximo programa!" (ponto de exclamação e tudo).
É uma frase que costumo dizer no final das aulas e tem tudo a ver comigo. Demonstra bem o quanto gosto de ver a vida com humor (diferente de a ver por um lado bom), mesmo nas situações mais graves ou estúpidas!

Bom, lembrei-me agora de uma delas. E que se lixe! Vou contar já aqui! Não vou gastar outro post com conversas mórbidas.
Estávamos em conversa em grupo, quando um dos convivas, mais velho, com o seu ar grave e sério, conta uma história sobre a notícia da morte do seu pai. Estava ele no colégio, com os seus onze anos, em plena aula, quando entra o funcionário que pergunta pelo menino "Anda Cá Que o Pai Já Vem" (nome propositadamente alterado para que proteger a identidade da pessoa, com um toque sarcástico fora do comum (dos mortais - note-se a insistência no tema!)). O menino, hoje carregando o peso da idade, levantou-se e disse: Anda Cá Que o Pai Já Vem, sou eu! O funcionário disse então o seguinte: "Faça então o favor de me acompanhar porque o seu pai acabou de falecer." As nossas caras escandalizadas com a frieza da comunicação acompanhavam o silêncio desconfortável. O senhor continuou a história deste modo:
"Eu não consegui dizer nada e os meus colegas ficaram num silêncio sepulcral. Porque, de facto, era disso que se tratava: o meu pai tinha ido para o sepulcro."

Pergunta estúpida: Qual a percentagem de pessoas que esboçaria um sorriso, pronto a disparar uma gargalhada, para coroar o que me parecia uma piada ao mais alto nível de jogo de palavras?
Naquele grupo de pessoas, fui a única.
Percebi que afinal não era para rir (o que achei um enorme desperdício!), e continuei com o meu ar sério e escandalizado.

Para tudo o que não tem cura, rir é mesmo o melhor remédio!


17 agosto 2006

Novas da casa

Eu tinha prometido que ia publicar as novidades da decoração da casa e aqui estou eu com o meu primeiro relatório.

A sala é, neste momento, a única divisão completamente pintada e aquela será mais importante para vos receber.
Já andamos a ver do sofá e assim que o tivermos há jantarada para comemorar, pois claro!

A parede norte foi pintada com a brilhante cor Erva, de Agatha Ruiz de la Prada, e até apetece lamber! O objectivo da cor é esfriar as radiações quentes do sol poente, e produzir um sentimento refrescante e reequilibrante para revigorar a pessoa ao fim de um dia de trabalho.
Para levar isso a cabo, também o sofá terá de ser muito confortável. A cor já está escolhida (é branco) e o modelo também (2lugares + chaise longue - é em L). O pior mesmo é que a qualidade é directamente proporcional ao preço e depois de se ter sentado num Divani&Divani o meu rabinho (reparem no diminutivo! lol!) já não quer outra coisa!

Hoje vou continuar a ver sofás, uma vez que já que pintei todos os recantos do escritório durante a manhã e estou à espera que o André dê ao rolo pelo tecto e pelas paredes. A divisão de tarefas assim destina: eu com o contorno das fitas, os tapumes e os contornos a pincel; ele com o rolo e o cabo extensível. Parecendo que não o meu trabalho é muito moroso e parece que ao fim do dia não fiz nada. Tenho desmoralizado muito, mas este verde da sala é o que me tem dado alento.

Próxima edição:
Escritório e atelier tudo em um - como potenciar a actividade e a criatividade no local de trabalho.


16 agosto 2006

Faltam-me as fotos!

Cheguei a casa e dei por falta da máquina fotográfica. Raios!
Tinha dois cartões cheios de tralha e estava ansiosa por espiolhar aquelas imagens. Nada a fazer! O post tem mesmo de ficar assim: meio nú.

Também há posts sem fotos, mas é como os pastéis de nata sem canela. Nem toda a gente quer ou precisa, mas há quem adore e não os grame de outra maneira.

Eu pertenço à classe destes últimos: os de pastel de nata com canela, os das fotos nos posts, os que se esquecem da máquina fotográfica no porta-luvas do carro do namorado, os que chegam a casa e se agarram automaticamente ao computador para esvaziar a caixa do correio na inevitável tentativa de actualização virtual, os que vêm de férias cheios de ideias e projectos, os que passam as férias a pensar em tudo o que deixaram para trás (casas por pintar, cães e praias com areia com uma grau de moagem decente), os que odeiam que a toalha se encha de areia, os que odeiam que a praia se encha de gente, os que odeiam vento, os que adoram ondas, os que amam o mar calmo e as águas límpidas, os que querem uns dias de descanso, mas voltam cheios de saudades de tudo e de todos.

Voltei.
E quando volto, seja de onde for, sabe-me sempre bem recordar o Dino Meira. E por muitas vezes que me tenham ouvido (ou lido), não resisto a perpetuar mais uma vez esta música deliciosa:

Voltei, voltei,

voltei de lá.
Ainda ontem estava em França
e agora já estou cá.

Voltar é bom. Voltar é no fundo a única boa razão para nos fazer sair. Para reencontrarmos a nossa vida, as nossas coisas, o nosso caminho, mesmo que não seja no mesmo lugar. Mas a esta hora da noite já não me vou pôr a procurar mais nada. Fica para amanhã, que onde quer que eles se tenham metido, não vão fugir para muito longe.

Como diz a TMN, até já-á!

11 agosto 2006

Interrupção na transmissão

Estou a tentar arranjar coragem para ir para a minha nova casa dar a segunda demão de branco. É desmoralizante. Nunca mais chego à parte de pintar a parede com a cor verde que lhe destinei. E ainda só estou na sala!!

Depois de uns dias com uma rotina muito estúpida que inclui pintar paredes, levar bordoada na ginástica e ir à praia das 5 às 7 da tarde, vou dedicar quatro dias para umas férias. Para quem não percebe e diferença eu explico: férias é não fazer nada!
E nada melhor que o Algarve para imprimir aquela letargia fantástica de não nos conseguirmos levantar nem para ir beber um copo de água! E depois há o Festival da Sardinha (nem é peixe que eu goste) em Portimão e as Noites Medievais em Silves, que sempre são umas animações para quebrar o stress do dia-a-dia.

Apesar da água não ser tão quente na zona de Portimão, aquela cidade tem muita qualidade de vida. Até a própria escola onde dei aulas é a mais bem organizada que conheci. Parecia uma empresa a funcionar.
Já sabem para onde vou e porque vou interromper as transmissões, mas descansem:

I'll be back!

Beijinhos

09 agosto 2006

Moura encantada...


Em tempos tive uma obsessão pela cultura nipónica, que não deixou ainda de se manifestar. Hoje já não tanto como uma obsessão, este interesse mantem-se sobretudo porque os japoneses, à parte dos tamagochis e da evolução quase irracional da tecnologia de ponta, prestam vassalagem à beleza. Ou pelo menos, as suas tradições assim o ditam.

Esta cultura tem demasiados reflexos com a pessoa que sou e, por isso, durante muito tempo me auto-retratei como uma gueixa. As regras, a obediência, os rituais, a precisão nipónica identificam-se com a pessoa que nasci para ser. De uma maneira ou de outra, as pessoas mudam (e as balanças então...!) e sem deixar de olhar para oriente começo a definir um outro alter-ego.

A cultura islâmica, diverge da nipónica exactamente por fugir à depuração de linhas. O próprio arabesco, como o nome indica, é uma invenção árabe. É uma linha que cativa o olhar, que o seduz de uma forma sinuosa e insinuante, como uma serpente ao som da flauta. A cultura do pormenor, do detalhe, da riqueza de elementos, que de alguma forma encontram harmonia para fugir ao mais previsível ruído visual prende-nos. Muito mais do que as suas guerras nos prendem à televisão.

A cultura dos "países do eixo do Mal" (nem Deus encontraria palavras tão acertadas para tamanha propaganda, e Ele é o Verbo!) contamina tudo o todos. Entra-nos todos os dias no nosso quotidiano sob as mais diversas formas. Senão vejamos:
- A televisão e o conflito Israel/Líbano já é de bradar aos céus. Mal comparado isto vai dar no mesmo que a cabeçada de Zidane. Quem é que tem a culpa? Quem é que começou? Quem é que tem de dar a última palavra? Não acredito que nada do que esta gente está a fazer se coadune com o que vai na Tora ou no Corão, mas daí, num texto cada um lê o quiser.
- As tendências na decoração estão a apostar nos grandes padrões de damasco (tecido de seda proveniente da capital da Síria) e recuperam-nos em fortes contrastes como preto e branco, ou cores profundas e garridas como fuchsia. O islão está aí e já nos entra pela casa adentro, literalmente.
- A música está a ser cada vez mais influenciada pelas sonoridades árabes. Pequenos apontamentos, perfeitamente enquadrados em ritmos urbanos e actuais (e que reforçam essas qualidades, ao invés de veicularem sentidos culturais), estão a ser utilizados por vários artistas da música. Basta ligar a MTV por um bocadinho e vão ver o chorrilho de "islamidades" a começar em 50cent e a acabar em Pussycat Dolls. Ultimamente, até dei comigo a tentar encontrar a versão de "Buttons" destas meninas, que incluísse o batuque que acompanha a coreografia final de grupo no videoclip. A versão que passa nas rádios não inclui esse batuque, que me parece ser a pérola da música.

Isto para dizer que quando os terroristas entraram pelo WTC adentro não foi o Fim.

Isso foi apenas o começo para a grande invasão árabe na nossa cultura. Tudo o que passou a ser considerado como recriminatório e proibido, passou a ser apetecido por todos nós e a cultura ocidental reflecte cada vez mais uma resposta à nossa curiosidade.

Tudo se esconde do nosso olhar em burkas e véus. Vive-se a ideologia do segredo e os ocidentais, desde o iluminismo, têm como vício trazer tudo à luz e à transparência. Faz parte dos planos do nosso mundo, cheio de liberdade e democracia (reparem como estou a ser irónica), despir esta cultura do oculto. Mas se toda a gente sabe que a sugestão é muito mais sensual que a exposição da nudez, para quê então levar esta cruzada até esse ponto?
Penso que esta cultura é, e deverá ser sempre, uma "moura encantada", com uma beleza etérea e inexplicável, em que nem a ciência, nem a religião deverão opinar demasiado. Há muito mais para aprender com os árabes do que o fanatismo e as técnicas terroristas. E se nos passar pela cabeça dar-lhes lições sobre liberdade e democracia, bom, o melhor é reter a ideia de telhados de vidro e com ela concluir que "quem está no convento é que sabe o que lá vai dentro".

P.S. - As Noites da Moura Encantada em Cacela Velha são um bom exemplo do convívio que há entre mouros e ocidentais, relembrando que em tempos todos vivemos na mesma terra. E para selar a amizade entre os dois povos não podia faltar um presente, que coloquei logo na anca e com que andei a passarinhar pelas festas com o barulhinho cintilante (os meus amigos dirão antes irritante) de uma genuína moura encantada.
(Graças a Deus não sou loira! Entre muitas outras razões válidas, porque me estragava esta fantasia toda!!)
;)

03 agosto 2006

Primeiro dia de praia

Se o que está a dar é postar imagens nossas na praia, então aqui está o meu contributo.

A foto tem o seu quê de celestial, dado obviamente, pelo reflexo da luz do sol. Os óculos e o chapéu são o meu disfarce para estar na praia sossegada, sem ter de ser importunada pelos ex-alunos.
O bikini estreou-se neste dia, o meu primeiro dia de praia deste ano - 14 de Julho de 2006. Ainda estava branquinha...
Agora, passadas duas semanas de praia, depois de muito protector de factor 40 no corpo, e factor 50 na cara, estando o tempo todo à sombra e só apanhando os raios do sol das seis e meia da tarde, estou muito mais morena. Tanto que esta semana ainda não pus os pés na praia só para ver se a pele esbranquiça mais.
Pancadas!

Em breve vou pôr aqui novas fotos, com o bronzeado actualizado.
E lembrem-se:
1. Nunca ficar ao sol no período das 11h às 16h;
2. Pôr sempre um protector de factor bastante elevado (mesmo que não seja necessário para prevenir a queimadura, é necessário para prevenir o envelhecimento da pele);
3. Usar chapéu de abas largas para cobrir os ombros e o rosto;
4. Usar óculos com protecção contra os raios UV;
5. Beber sempre muuuiiiiiita água - a hidratação começa sempre por dentro.
6. Fazer amizade com o dono de um café próximo, para fazer xixi com frequência sem ter de entrar na água gelada da Arrábida! - esta é opcional.

E boa praia!

01 agosto 2006

A minha nova casa!

Moi, myself and André somos, finalmente, proprietários de uma casa!
Para quem quer saber que tipo de casa é, onde fica, quantas assoalhadas tem, se tem boas áreas, boas vistas terá de marcar um encontro connosco, porque nós só fazemos visitas guiadas ao vivo!

Mas fica aqui um cheirinho do tapete da entrada.

Saibam que mesmo com a casa vazia, quem estiver disposto a visitar-nos será sempre benvindo!
Como tenho de dedicar-me à pintura de paredes, em breve deixarei aqui as cores. Isto promete!!

Sou uma desnaturada...

Devia escrever. Escrever aqui no blog e no blog dos outros, porque eu sempre gostei de meter a foice em seara alheia, catrapiscar do prato dos outros, opinar mais do que devia e fazer com que haja mais qualquer coisa do que o silêncio para feedback das ideias dos outros.

Tenho estado metida comigo, parada, quieta. Vou para a praia e deixo-me estar na boa companhia de uma amiga do Norte, com uma pronúncia deliciosa que me faz melhor a dicção das palavras. Sempre tive esta mania incontrolável de apanhar as pronúncias e até os tiques dos outros.

Quando ia para os campos de férias é que era! O sotaque genuíno do Porto não falhava, pois havia sempre alguém destas bandas na minha equipa. Eu como um espelho, trazia-o para casa.

A faculdade de Belas-Artes deve ter a maior concentração gay por m2 (a seguir ao Trumps talvez) e até aí eu dava comigo a gesticular com a mesma graciosidade das bichas sempre que falava com elas. Não conseguia evitar, e era tão óbvio que eu temia que pensassem que estava a gozar com elas!!!

Isto para dizer que tenho estado na praia. De boa companhia. As meninas na praia, os machos a ganhar o pão! Fórmula pouco simpática, mas de momento a única possível para disfrutar das férias. Ao fim da tarde lá vinham eles (a escorrer de suor) ter connosco (a escorrer de água salgada) e tudo parecia bem. Sem obrigações, sem trabalho, sem chatices e com a única preocupação de tentar aguentar mais um banho nas águas gélidas da Arrábida.

Devia escrever. Já escrevi.
Mas devia escrever mais do que escrever sobre não o ter feito.

Devia responder convenientemente aos posts do Luís, do Diogo, da Cláudia, da Tânia...
Devia dizer-lhes o que penso.
Escrever não devia demorar tanto tempo como pensar.
Se tempo é dinheiro, pensar é mais barato.
Mas vale a pena gastar mais naquilo que nos dá prazer.

Um beijinho a todos de boa noite, que eu hoje estou mais para o pensativa e introspectiva e tudo o que me vai na alma parece ter o dom de me pôr a chorar. Melhor é não abrir as torneiras que eu ainda tenho muito trabalho pela noite dentro!

Força para todos os que trabalham contrariados!
Pensem que se está sol, ele queima; que se há água do mar, ela está gelada; que se há amigos de férias na praia, é porque têm uma guarda sol do vizinho espetado a 10cm do seu pé e ouvem de 5 em 5 minutos barbaridades como "Benardo, venha comer a sande!".

Agora é que é. Caramba, tá difícil de largar o teclado!
Xau

13 julho 2006

Digam lá que o futebol não é pedagógico!

O francês Zinedine Zidane pediu hoje desculpas "aos milhões e milhões de crianças" que viram a sua agressão ao italiano Marco Materazzi, no jogo da final do Mundial 2006, mas afirmou que não está arrependido. O ex-internacional disse que o defesa italiano insultou a sua mãe e a sua irmã em termos "muito duros".
in Publico.pt 12.07.2006 - 19h09

Este é o mundo em que vivemos.
O sr. Zidane ainda tem lata de pedir desculpas e dizer que não se arrepende! Melhor seria não pedir desculpas nenhumas às criancinhas, porque este é o pior exemplo que ele lhes pode dar.

Num mundo ideal, o professor devia ser o juíz de todos os conflitos numa sala de aula. Infelizmente, acabo por viver com o dilema de sentenciar penas quando os alunos já fizeram justiça por si.

Repito constantemente que nada justifica a agressão física ou verbal, e que há meios adequados para denunciar e punir essas situações. Não obstante, não raras vezes, um aluno se levanta da sua cadeira para dar uma lambada noutro que o ofendeu. Como apanho o filme a meio, repreendo aquele que se levantou do lugar e oiço sempre a mesma resposta: "mas ele fez-me isto, ou aquilo".
Acabam por "levar ambos nas orelhas": um porque começou, outro porque deu continuidade.

Agora, Sr. Zidane, explique-me lá: como consigo eu explicar a estas crianças, mesmo aquelas que aceitaram as suas desculpas, que os problemas resolvem-se a conversar ou pelas vias judiciais próprias? Que a sala de aula, como o campo de futebol, não é um ringue de boxe? Que não há nome mais feio que possam chamar à nossa mãezinha que justifique um soco bem assente nas ventas do provocador?

Sr. Zidane, eu não fui sua professora, mas aprenda comigo uma coisinha simples:
Desculpas não se pedem
EVITAM-SE!

12 julho 2006

Censura no blog!

Após um breve período de censura involuntária, em que acabei por me enganar nos settings desta treta, está de volta a liberdade de expressão!

Amigos cochicheiros e cochichadores, com chicha ou sem chicha:
Cochichai à vossa vontade, que enquanto isto não paga imposto o melhor é aproveitar, antes que o Sócrates tenha mais ideias geniais!

E não tenham medo: podem dizer mal também!!!!

Hehehe!! :)

10 julho 2006

À luz do luar de Agosto lê-se um jornal!

Já dizia a minha avó!
É estranho dizer esta frase no passado quando a sabedoria dela me brindava sempre fresquinha, há coisa de seis meses atrás.

"Comichão na sola dos pés é chuva" e, sem procurar justificações científicas para este vaticínio, eu preferia sempre acreditar que o meu cabelo ia ficar mais encaracolado no dia seguinte (private joke para todas as gaijas que tentam alisar o cabelo no inverno).

Às vezes finjo não ter tantas saudades quantas aquelas que realmente sinto. Tenho sempre a mania de me armar em boa e em forte, o que é sempre ridículo para quem tem a lua em Caranguejo como eu (private joke para mim e para a Maya).
Já estou a chorar e esta nem sequer é a razão de ser deste post...

A morte leva-se bem, quando se aproveita tudo em vida (private joke para mim e para Deus!). Quando se deram todos os beijinhos, todas as festinhas, todos os miminhos. Durante alguns anos vivi com a percepção de que a minha avó podia morrer a qualquer momento. Tive isso sempre presente, mesmo quando ralhava com ela. Não lhe podia ter dado mais um beijo, mais uma festinha, mais uma palavra doce. Esta certeza hoje permite que o meu sofrimento seja só saudade, sem ponta de remorso.
Hoje lembro-me dela em tudo o que faço, em tudo o que sei que ela ia comentar, em tudo o que ela iria achar bem, em tudo o que ela faz falta, em tudo o que ela faria ou me mandaria fazer...

Continuo a chorar e com o calor que está ainda desidrato!
Adiante, vamos ao que interessa:

A foto em cima não retrata o luar de Agosto, mas o luar de Dezembro (cerca das seis, seis e meia da tarde) na base da Cascalheira da Serra da Arrábida - uma das subidas mais alucinantes que por lá se fazem!

Daqui a cerca de 3 horas a lua vai estar plenamente cheia e já ontem iluminava a noite de tal forma, que pela meia noite, na estrada nacional 10, entre Azeitão e Brejos, se conseguia distinguir ao longe o contorno da serra. O céu à meia noite estava suficientemente claro para tornar evidente esse contraste.

Daí que, a pensar com antecedência, eu e o André lembrámo-nos de fazer um passeio nocturno pelo topo da serra do Louro, na lua cheia de Agosto. O caminho é do mais plano que há e podemos ver uma série de moínhos que coroam esta serra.
Estou a lembrar-me que na Lua Cheia de Agosto é o tradicional banho da meia noite nas águas gélidas da Arrábida, e como calha a 9 de Agosto ainda está calor suficiente para nos mandarmos para a água quando o sol já se pôs.

Sendo assim, proponho antes o seguinte:
  • 9 de Agosto, Lua Cheia - banho da meia noite, precedido de uma jantarada bem regada para dar coragem ou inconsciência suficiente! Eu não preciso de regar, a minha pancada é muito fértil!
  • 23 de Agosto, Lua Nova - passeio pela serra do Louro, precedido de uma jantarada mal regada para que o pessoal consiga distinguir as luzes de Lisboa das do céu estrelado.
Aqui fica a proposta.
Dêem sugestões e inscrevam-se!



06 julho 2006

Deus é brasileiro!

Ontem tive ginástica e doeu-me.
Ainda sinto os glúteos e a carteira a arder! Quarenta e um euros.
Quarenta e um euros é quanto pago por mês, para ter acesso livre às aulas de grupo do ginásio. Isto, na prática significa que pago para ouvir frases deliciosas do meu "Mourinho do Fitness", tais como:
  • "Se não fosse difícil eu não pedia!"
Esta frase é tão boa que já a adoptei para as minhas aulas. Os miudos, tal como eu na prancha abdominal, queixam-se da dificuldade, da exigência, e eu devolvo-lhes esta frase impecável que os deixa sempre desarmados.
Vendo as coisas por um prisma mais esotérico / religioso, Deus também nos dirá nas nossas provações que se não fosse difícil Ele também não pedia (!).
Na prática, e nas três situações que referi, a tradução é óbvia: "Aguenta-te e cala-te" ao que ainda se pode acrescentar o suplemento "mariquinhas pé de salsa!".

  • "Este exercício é imbatível para a chicha de lado!"
Chicha de lado? Mas eu tenho lá chicha de lado!?!?!?! Eu tenho chicha a toda a volta, das coxas!!! Non Stop!

É esta matéria viscosa, a
Celulight como gosto de lhe chamar, a verdadeira inimiga da mulher (pior que a depilação a cera fria!) que me faz desejar tanto ser brasileira!
Estas malvadas aparecem à minha frente como os doces a quem está a fazer dieta. Estão-me sempre a esbodegar a perfeição genética de combinação de raças naquelas coxas perfeitas. Deus é brasileiro e basta olhar para aquelas mulheres para perceber porquê!!!

  • "Ar fora!"
Não vale a pena stressar. O melhor mesmo é respirar fundo.
Se Deus é mesmo brasileiro, como é que foi fazer aquela boca ao Ronaldinho Gaúcho?? Como fez o Brasil perder para a França? Não pode!!
Deus é brasileira!! E deixou a França ganhar porque é a eterna capital da moda!
E agora, "ar fora" só para suspirar de alívio, porque se Deus é mulher então eu ainda tenho a ganhar com isso!

  • "Upa, upa!"
Não há mais razões para ficar deprimida! Levanta-se a moral a custo, como se levanta a minha bacia na prancha abdominal lateral. A custo, mas lá vai ficando em cima!
Temos é de ver sempre as coisas pelo lado bom.

  • "Excelente!"
Bom trabalho! Mesmo que me tenha baldado a dois ou três adominais, quatro ou cinco agachamentos, é sempre excelente. Dê lá por onde der, acabo a aula exausta, mas recompensada.

Que se lixe a celulite, o ácido láctico e a gluconeogénese!
Problemas destes? Porra, já me bastam as neuroses!

03 julho 2006

Poema de verão

Passam os santos populares
e já não há mais pretextos,
para dizer umas barbaridades,
mandar umas fotos e textos.

Esta quadra não foi boa
a próxima há-de ser melhor
Já me falta a inspiração.
Estou velha! - que horror!!

Rimar é uma coisa difícil
neste poema de verão.
Com que palavra rimo agora?
Só pode ser com um palavrão!

Poema mais estranho este
que de nada fala em especial
Se isto já é assim no Verão,
então esperem pelo Natal!

Poemas às duas da manhã,
com insónia, é no que dá!
É do tipo Gato Fedorento
com rimas de cacaracá!

Agora a sério, aqui vão umas linhas
para celebrar as férias do verão:
"Vou para a praia com o bronzeador,
para não apanhar um escaldão!"

Oh Santíssima Paciência,
dos meus amigos tem dó,
qu' eu sou chata p'ra caraças,
mas agora vou fazer ó ó!

27 junho 2006

Melhorar a perspectiva de vida: em 6 lições grátis!

Para quem não conseguiu receber o mail:

O programa que eu e o André disfrutámos em Idanha-a-Nova, no fim de semana passado, além de restabelecer as nossas energias e ter recarregado as baterias para mais uns tempos de trabalho, provou que o contacto directo com a natureza tem efeitos muito positivos.

Aqui estão as lições que aprendemos:

#1 - A CONVIVÊNCIA PACÍFICA COM OS INIMIGOS DIMINUI O STRESS.


#2 - APESAR DOS ALTOS E BAIXOS DA VIDA, O CAMINHO NÃO CUSTA TANTO NUM DIA BOM.


#3 - É PRECISO PARAR. PARAR PARA DESCANSAR, PARA REFLECTIR E PARA CONVIVER COM OS AMIGOS.


#4 - A BELEZA DAS PESSOAS AUMENTA QUANDO AS SUAS VIDAS TÊM COMO PANO DE FUNDO A DURA REALIDADE.


#5 - AS NOSSAS QUEIXAS SÃO SEMPRE RIDÍCULAS, PORQUE MELHORAR SÓ DEPENDE DE NÓS.


#6 - UM SORRISO É UM BEM PRECIOSO. AS COROAS DE LOUROS SÃO ENFEITES.


Um beijinho grande para todos vocês.

Sofia Ré